sábado, 8 de janeiro de 2011

6º Capitulo

Estava a ficar impaciente. Ele não dava notícias desde ontem á noite. Mas de repente lembrei-me, deveria estar nos treinos ou algo assim. Era isso de certeza. Quer dizer, era isso que eu desejava que fosse. Mas nem com essa hipótese me acalmei.De repente ouço meu telemóvel a tocar. Era do David.

- Estou? Ana? - ouvi do outro lado do telemóvel. Não era ele. Não era a voz dele.
- Estou? Quem fala?
- É o Rúben Amorim. Olha, o David ficou doente hoje. Está a arder em febre, está na cama com umas dores de cabeça enormes e não pode sair de casa. Ele disse qualquer coisa de uma mensagem tua e pediu para te ligar a dizer que não dava para ir ter contigo. - Senti o meu coração parar, senti-me inútil de tal maneira, que sensação. Tremi por todo o corpo. O David estava muito mal.
- Ele está o que? Posso ir vê-lo? 
- Sim, claro.
- Estas em casa dele? Dá-me a morada por favor.- disse com uma voz de preocupação que se notava a milhas de distancia.

Ele deu-me a morada e seu desci a correr. Chamei um táxi e seguimos. Sentia-me tão mal, o que seria aquilo? Preocupo-me sempre com as pessoas, mesmo que não as conheça. Tento sempre ajudar. Mas aquela sensação era diferente. Era uma preocupação diferente. Foi aí que me lembrei da conversa com a Rita. As palavras dela percorreram-me a mente " Para ser sincera acho que estas a ficar apaixonada." 
Só me vinha isso à cabeça. Não podia ser. Estava tão confusa. 
Como estará o David? -  pensava olhando pela janela do táxi. 

- Ainda demora muita? - disse impaciente.
- Não menina. Estamos mesmo qua... olhe, cá estamos.
- Muito obrigada.

Paguei e saí do carro num ápice. Subi as escadas e o Rúben veio abrir-me a porta.
Era o Rúben Amorim que estava a minha frente. Mas não liguei. Estava preocupada com o David.

- Como ele está?
- Entra. Está no quarto. Esta na mesma. 
- Importas-te que ...

Ele percebeu que estava preocupada e nem me deixou acabar de falar e olhou para uma porta lá no fundo. Disse-lhe obrigada e segui.
Entrei devagar para não fazer barulho. Vi-o com uma cara de desespero olhando para a janela. 

- David! Como tu estás...

Ele reparou que estava lá e sorriu. Notei um sorriso doloroso, mas sincero.
Sentei-me na cama ao lado dele. Dei-lhe um beijo na testa e ele olhou-me. Como ele estava quente! Vi que tinha o termómetro na mesinha de cabeceira e peguei nele.

- Vamos ver isso. Estás a ferver! 

O termómetro deu sinal e peguei nele. Estava praticamente nos 39. Meu Deus! Fiquei ainda mais preocupada.

- David como tu estás! Vou fazer-te um chá e trazer umas toalhas molhadas. - Ele não disse nada. Ele não estava bem. 
Procurei o Rúben, não o vi. Chamei por ele, e de seguida ele apareceu já com um chá na mão.

- À ainda bem! Onde estão as toalhas? - disse agitada.
- Na casa de banho, num dos armários. Ali!
- Ok, vou buscar. Obrigada.

Dirigi-me à casa de banho e procurei. Vi duas toalhas pequenas e passeias por água fria.
Não estava a raciocinar com nada. Não tinha assimilado nada. Estava apenas com a cabeça no David. Ele estava mal e isso bastava. Dirigi-me para o quarto e o Rúben já o tinha ajudado a colocar-se direito para beber o chá. Ele torceu o nariz, mas tinha que o beber.
Ele voltou a deitar-se com a nossa ajuda e eu passei-lhe com a toalha pela cara com muito cuidado.

- Ana?
- Sim Rúben.
- Já venho. Vou ligar ao mister a dizer que não vamos.
- Não Rúben. Vai ao treino. Eu fico com ele.
- Mesmo? Não te importas?
- Não a sério. Vai
- Então vou ligar à D.Regina.
- Não! Não preocupa ela não. - interviu o David com um pouco de dificuldade. - Depois eu ligo pra ela.
- Ok mano. No fim do treino passo aqui. Até logo.
- Até logo Rúben.

Ele não parava de soar. Conseguia notar um pequeno sofrimento nos seus olhos, mas reflectiu-se um sorriso por entre os seus lábios secos pela febre.

- Obrigado Ana! 
- Shiiu. Descansa. - disse retribuindo o sorriso. - Bebe mais um bocadinho.
- Não é preciso. 
- É preciso sim! Anda lá, eu ajudo.

Estivemos assim uns minutos. Voltei a ver o febre. Este tinha baixado. Fiquei mais descansada.
Neste momento estava ajoelhada na cama no lado dele. Continuava a passar-lhe a toalha com todo o cuidado, ao mesmo tempo que apreciava cada traço do seu rosto. Dos seus lábios. Sentia-me tão bem em poder ajuda-lo. Era como o conhecesse à anos. Como ele era perfeito. Queria fugir daquilo, mas o meu coração denunciava-me, assim como o meu olhar.
A Rita tinha alguma razão. Ainda estava confusa mas não era apenas amizade que sentia por ele.

Ana Sousa*

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