sábado, 16 de abril de 2011

29º Capítulo – “Pois... Me desculpa."

Eu sei que está pequenino, mas a partir de agora não sei quando vou poder postar... Esta semana vai ser dedicada à escola o que me está a preencher o tempo todo. :/ Mas mesmo assim,espero que gostem. Beijinhos
A'S

Palavra - Desejo

Quando abro a porta um sorriso do tamanho do mundo formou-se na minha cara e sem que lhe desse tempo atirei-me para ele envolvendo-me assim num abraço confortante e cheio de saudade. Estava bem ali abraçada a ele, com um sorriso de orelha a orelha onde os meus olhos já brilhavam e tudo parecia mais claro.

- Que surpresa boa, meu amor. - Beijei-lhe o peito onde a minha cabeça repousava e de seguida beijei-o nos lábios.

- Gostou princesa?

- Se gostei? Já estava cheia de saudades ó grandalhão.

Ele sorriu e eu fechei a porta com o pé sem nunca me largar dele, estava visivelmente bem para ter que me soltar dele. De costas, e por entre beijos fui até ao sofá.
Larguei-o e beijei-o mais uma vez.

- Se for para ser recebido assim, acho que vou passar aqui mais vezes. - Sorria ao mesmo tempo que me dava um beijo na testa.

- És mesmo tonto. Vieste rápido...

- 'Tava passando aqui ao pé e lembrei de vir dar um beijão na minha namorada.

- E lembraste-te muito bem. - Sorri.

- É verdade e a Tááh, como 'tá?

- Conseguiu adormecer, nem quis comer, mas ao menos dorme um bocadinho.

- Então chega aqui que quero muito matar saudade da minha namorada. - Dizia com um sorriso na cara e puxando-me para junto dele.

- Com certeza, namorado. - Pronunciei a última palavra com ênfase.

Era tão bom poder estar com ele, poder senti-lo, beija-lo, sentir o seu perfume inconfundível ou até mesmo o seu aroma natural que se tornava cada vez mais forte perante as minhas narinas e as penetrava intensa e incessantemente.
Cada vez via mais o David, o meu lindo David e não o David Luiz jogador do Benfica, aquele rapaz bonitão cheio de fãs e famoso. Era tão bom senti-lo só meu, senti-lo como o meu homem, o homem que me deixa feliz. Hoje olho para mim e penso que uns dias atrás o medo se apoderava de mim com toda a força e coragem, que me amarrava deixando-me presa para atingir a felicidade, hoje não deixo de perceber o meu medo, não deixo pois ele não desapareceu, mas agradeço e fico feliz por este ter passado para o mais fundo de mim, por agora poder estar a viver a minha felicidade junto da pessoa que amo.

- 'Tá pensando em que moleca?

- Em como é bom 'tar do teu lado. És um homem magnífico... - Não estava a espera da minha resposta o que fez ele ficar com um cara um pouco cómica.

- Não sabe o quanto é bom ouvir isso! Te amo, mesmo!

- Aii sei sim, e eu também te amo muitooo! - Sorri e passei com o meu dedo no seu nariz na brincadeira.

Beijei-o calmamente, um beijo suave, carinhoso que transmitia todo o amor que nutria por ele, e ao qual ele correspondeu da mesma forma carinhosa.
Ao que eu pensava ser um beijo calmo mudou tempo depois, o seu cheiro transmitia-me uma sensação de paz mas, ao mesmo tempo, desejo de o ter mais perto, não excitei e juntei-me mais a ele. Era inevitável e ao mesmo tempo estranho, não conseguia resistir aquilo que se chamava "desejo", ao David.
Um beijo profundo, cheio de sentimentos entrelaçados onde as nossas línguas balançavam num ritmo constante percorrendo cada canto da boca um do outro, onde o amor e o desejo eram a imagem de marca e as borboletas no estômago, cada vez mais intensas, provavam aquilo que era mais visível aos meus olhos e ao meu coração.
A sua respiração profunda levava-me a crer que ele, tanto como eu, estava na mesma situação. As suas mãos deslizaram vagarosamente pelas minhas costas onde pararam na minha cintura e, num impulso, me puxaram o corpo ainda mais. O meu corpo bateu ligeiramente no dele e o seu calor corporal começava a reinar o meu aproveitando-se assim de cada pedaço de vazio existente, deixando numa brisa completamente quente, percorrer o caminho até ao encontro da mim pele.
O meu corpo começava a parecer inerente assim como o de David, sabia que ainda era cedo de mais e que ao continuar com aquilo iria acabar de uma só forma. David tinha essa noção tal como eu, e eu conseguia ver nos seus olhos que achava o mesmo mas, ambos os corpos teimavam em não se querer largar.
Ambos no sofá, o meu corpo estava praticamente caído em cima do seu, a nossa respiração irregular era abafada por mais um beijo sincero e intenso quando, de repente, o meu corpo ao despertar, solta-se do seu sentando-me direita no sofá ao ouvir barulho vindo do corredor.

- Olá meninos. - A Tááh entrava na sala ainda meia ensonada.

- Olá meu amor. - Respondi tentando disfarçar a minha respiração. - Tens na cozinha uma salada se quiseres comer...

- Obrigada, vou ver se como sim...

Ela saiu em direcção á cozinha e eu respirei fundo ao qual o David desatou a rir.



- Estás a gozar pá? - Dei uma leve chapada no braço ao qual ele tentou fugir. - Olha que a tua cara não foi a melhor.

- Pois... Me desculpa. - Coçou os caracóis.

- Não tens que pedir desculpa, precipitamo-nos os dois.

- Mesmo assim...

- Que te apetece fazer lindo?

- Nada, nadinha mesmo. - Sorriu. - Só mesmo ficar aqui agarradinho a você.

- Ai David Luiz... Andas a ficar um preguiçoso! - Puxei-lhe um caracol.

- Olha, culpa sua! Você me deixa assim.

 - Eu deixo-te preguiçoso? - Fiz ar de espanto.  

 - Não, me deixa apaixonado.


Eu apenas sorri e beijei-o carinhosamente nos lábios.

- Amo-te David!

- Eu também pequenina. - Beijou-me na testa. - Chega p'ra qui vai.

Puxou-me para si e pousou o seu pescoço no meu ombro. Beijou algumas vezes a minha pele despida e de seguida o pescoço. 


- Amo, amo, amo, amooo você, moleca da minha vida!
  
Um sorriso do tamanho do mundo invadiu, não só os meus lábios, mas também os meus olhos. Uma luz incandescente teimava em brilhar por entre os meus olhos esverdeados e deixa-los transmitir tudo o que sentia e, sem dúvida que podia dizê-lo, eu amava-o.


Ana Sousa*

quarta-feira, 13 de abril de 2011

28º Capítulo - "Ai moleca, amo tanto você!"


Palavra: Campainha

(V. Rúben)
  
Quando acordei fui ter com o David, tínhamos combinado ir procurar uma prenda para a Ana, ela fazia anos daqui a uma semana e aposto que não íamos ter muito tempo para isso esta semana. A Tááh tinha-me dado alguns conselhos em relação à prenda pois andava um bocadinho à nora embora já a conheça o suficiente bem mas comprar prendas para mulheres é sempre um caso difícil. A Ana nem imaginava que nós sabíamos, pelo que sei ela não gosta que as pessoas gastem dinheiro com ela em relação a prendas e também não gosta muito de festejar os anos, que como ela diz "Agora é só ir para velho...".
O pessoal tinha combinado fazer uma festa para festejarmos em minha casa mas sem que ela soubesse de nada.

Quando cheguei a casa do David aproveitei de lhe dar a prenda que tinha comprado para ele no dia anterior e que avia ficado em minha casa, ele adorou as sapatilhas.
Acabamos por descer de seguida e fomos até ao Colombo, demos umas valentes voltas mas acabamos por não comprar nada. Hoje era Domingo e como só tínhamos que ir para o seixal de tarde para o treino acabamos por ir até casa das nossas meninas.

Quando lá chegamos fui o primeiro a entrar e toquei á campainha. Quando a Ana nos abriu a porta soltou um sorriso e cumprimentou-nos. Quando vi a Tááh percebi que algo não estava bem. Estava encostada a um canto do sofá, a roer as unhas, o seu olhar era de medo e insegurança, e a sua cara estava pálida, nunca a tinha visto assim. Fui logo ter com ela e nem me importei se tinham falado para mim, cheguei ao pé dela e ajoelhei-me no chão ficando assim a um nível igual onde ela me abraçou fortemente.

- Amor, que se passa? – Perguntei receoso.

Ela olhava-me como tivesse distante e não me respondia, comecei a ficar seriamente preocupado, estaria ela a esconder-me alguma coisa?

- Vala amor, que tens?

Ela apenas soltou uma expressão à qual desconhecia deixando cair de seguida algumas lágrimas pela sua face, via olhar para a Ana, ao que ela respondeu apenas ao assentir que sim com a cabeça e olhando para ela em gesto de transmitir força.

- Vai amor, vai falar com ele para o quarto. Eles vão almoçar connosco. – Sorriu para ela.

(V. Ana)

Vi na cara dela que estava com receio de contar ao Rúben mesmo precisando do apoio dele ao máximo e sentir-se protegida daquele canalha, olhei para ela em forma de prestar força e ela foi com ele para o quarto, eu e o David sentamo-nos no sofá.

 - Ela ‘tá mesmo mau.

- Aii David, e é para estar...

- Que aconteceu mesmo? – Inquiriu-me ele.

- O passado dela não foi muito fácil, em resumo, o seu ex-namorado começou a aproveitar-se dela para os seus vícios, roubou-lhe o dinheiro que tinha e gastou-o no jogo, batia-lhe, ameaçava-a sempre para conseguir o que queria, e sempre a perseguiu. – Olhei para ele e David ouvia-me atentamente e sem nunca me interromper, embora a sua cara fosse de espanto a cada palavra que proferia. – E hoje, quando estávamos a fazer compras ela vi-o lá e ela só conseguiu desatar a correr. Tem estado assim até agora…

- E esse cara não foi preso não?

- Foi mas saiu pouco tempo depois, não tinham provas contra ele… Sabes, custa-me muito vê-la assim, em baixo e com medo de tudo, ela não merece…

- Pois não meu anjo, mas a vida é assim, e ela vai conseguir superar isso de novo…

- Eu sei David, mas tudo de novo, ele pode ter vindo para se vingar dela, e aí tudo será pior…

Nessa altura toca a campainha, o David deu-me um beijo na testa, ao qual eu retribui com um sorriso pelo acto carinhoso dele, foi abrir a porta e quando voltou já trazia as pizzas consigo.

- Amor, você vai chamar eles?

- Vamos por a mesa primeiro, eles devem querer estar um bocadinho juntos…

- ‘Tá bom meu bem. – Disse enquanto me abraçava por trás.

‘Tivemos assim um bocadinho e fomos por a mesa. David já era carinhoso de si mas parecia estar ainda mais pela forma como me olhava, tocava ou falava comigo, desde que lhe contara...

- David, está tudo bem? – Perguntei virando-me para ele.

- Está sim amor…

- Amor, mesmo? – Insisti.

- Está meu bem, só fiquei pensando… se fosse com você…

- Oh tontinho, não penses nisso. – Beijei-o.

O Rúben acabara de entrar na cozinha e trazia consigo a Tááh, muito mais calma.
Notava que ele se encontrava com uma espécie de raiva no olhar, também era normal, até eu já tinha pensado se apanhasse aquele canalha á frente…
O Almoço foi feito quase que em silêncio, não se tocou mais nesse assunto para não abrir mais a ferida da Tááh e aumentar o seu medo. A presença de Rúben estava-lhe a fazer muito bem e isso deixava-me mais descansada.
Depois de almoçar passamos algum tempo a conversar e a tentar mudar o rumo dos pensamentos da Tááh que, provavelmente, se iam alastrar de novo até ao passado.

- Vocês vêm ver nosso treino terça? – Perguntou sentado no sofá abraçando-me por trás e deixando descair o seu queixo até ao meu ombro.

- Vamos sim amor… - Rita olhava para mim com cara de reprovação.

- Vamos Rita, não vou permitir que te deixes levar pelo medo de novo e ficares presa em casa!

Ela não disse nada, simplesmente focou o seu olhar num ponto do chão mas que na verdade, era um ponto vazio, o nada, um ponto sem qualquer restrição ou obstáculo, um buraco sem fim…

- Bem, a gente tem que ir manz… - Relembrava ao Rúben.

- Já vai mano, podes ir descendo que eu vou já lá ter.


Eu e o David descemos pelo elevador e ficamos junto da porta do prédio, ele abraçou-me com força e de seguida beijou-me.

- Ai moleca, amo tanto você!

- Eu também caracolinhos, também te amo muito. – Voltei a beija-lo.

- Você sabe que cada vez fico mais grudado em você? – Sorri.

- O que querido, não sabia mas agora já sei! – Dei-lhe um beijo na bochecha e levei os meus braços ao seu pescoço.

- Olha, o manz vem aí, vou ter que ir…

- Ohh, não queria nada te deixar ir… - Fiz beicinho.

- Não faça isso não, senão não resisto garota. Tenho mesmo que ir. – Beijou-me. – Te amo.

- Eu também lindo. – Sorri. – Adeus Rúben.

- Adeus Ana e obrigada. – Despediu-se com dois beijinhos e seguiu ao lado do David até se separarem e entraram cada um nos seu carro. Deixei-me a vê-los partir e de seguida subi para ter com a Tááh.

***

São quase 19:30 e a minha Ritinha acabou por conseguir adormecer. Desde que esteve com o Rúben que conseguiu acalmar e não pensar tanto nisso e, pelo que sei, o Pedro não a tinha visto lá, o que a deixava mais descansada.
Ela não tinha fome e teimava em não querer comer, por isso desci o prédio e fui buscar duas saladas a um café aqui perto.
Deixei a dela em cima da mesa caso ela acordasse e lhe apetecesse e comi a minha.
Fui ao quarto e ela continuava a dormir como um anjinho, dei-lhe um beijo na bochecha e fui para a sala. Peguei no meu mp4 e no telemóvel e mandei uma mensagem ao David enquanto ouvia musica.

Mensagem:
Olá meu macarrão! :D
Correu bem o treino?
Também já começo a sentir que não te posso ter longe de mim muito tempo : x.
Beijo, Amo-te <3

A resposta dele não tardou e eu sorri ao lê-la.

Mensagem de David :)
Olá meu anjo :D
Correu bem sim…
Ainda bem viu? Porque isso resolvesse logo logo logo :$
Também te amo garota, muitão!

Não percebi o que ele quis dizer com a mensagem e por isso perguntei.

Mensagem:
Resolvesse? Que quiseste dizer com isso?
Beijo : x

A resposta dele não chegou, e passando 10 minutos ouço a campainha tocar, levanto-me do sofá ainda com preguiça e vou ver quem é.


Ana Sousa*

terça-feira, 12 de abril de 2011

Olá : )

Olá minha gente bonita : D 
Queria agradecer a vocês, leitores, por frequentarem o meu blog. É muito bom olhar para as visitas aqui ao lado e ver que durante mais um dia elas voltaram a crescer!
Venho também "desabafar" um pouquinho pois tenho notado que a maioria dos meus seguidores não deixam a vossa opinião, seja ela de agrado ou desagrado, o que antes, por vezes e até assiduamente, faziam...
Peço-vos que se continuam cá a ler e a frequentar este blog que deixem uma marquinha, um comentário, por mais pequeno que seja para poder saber se estão ou não gostar, e até melhorar.
É sempre um incentivo muito grande chegar aqui e ver que tenho comentários ao capitulo que postei... É uma maneira de uma pessoa se agarrar ainda mais a escrever o próximo e posta-lo o mais rápido possível e, vocês, também autoras de várias fanfic's, sabem o quanto isso é importante!
Tenho ficado triste pois cada vez os comentários são menos, e o que me faz pensar que não gostam e que querem que desista :(
E se é isso que esta a acontecer prefiro que digam, que se manifestem!
Mas mesmo assim, agradeço a vossa visita, e aos meus assíduos leitores(as) um sincero obrigado. :D
E já agora dizer que pus uma musiquinha para quem gosta de ler acompanhada por uma musiquinha de fundo ;)
Beijinho
Ana Sousa*

segunda-feira, 11 de abril de 2011

27º Capítulo - "Rita, calma!"


Palavra – Tormento

(V. Rita)

Acordei com o despertador a tocar bem junto dos meus ouvidos, que impressão. Apanhei-o ainda de olhos fechados e desliguei-o logo, já estava farta daquele barulho ensurdecedor logo de manhã, já para não dizer que não me apetecia nada por a pé, queria deixar-me ficar ali quentinha e aconchegada, mas tinha que ser... Era dia de compras e pelos vistos ia ser eu a acordar aquela dorminhoca que eu amo.
Ainda a algum custo pus-me de pé e, ao calçar os chinelos, reparei nas sacas ao lado da cómoda. Tinha-me esquecido de dar as prendas à minha pulginha. Peguei nas sacas e fui ter com ela ao quarto.
Ela estava a dormir como um anjinho, sentei-me junto dela e dei-lhe um beijinho, ela mexeu-se e ainda sem abrir os olhos eu falei.

- Bom dia dorminhoca!

- Bom dia parva... - Arrastou ainda de olhos fechados e com um sorriso traquina.

- Oupa, por a pé. Que hoje vamos comprar o supermercado todo. - Gargalhei

- Que? Também andas a apanhar o jeito do Rúben? Bem que estou lixada contigo..

- Deixa de ser parva, acho que nunca vou conseguir comer tanto! - Sorri. - E olha, toma lá que eu esqueci-me de te dar ontem. - Disse ao mesmo tempo que punha as duas sacas em cima da cama.

- Oh meu amor, não era preciso, mas espera aí… – Olhava para o meu braço agarrando-o. – O que é isto Maria Rita?

- Aii não me chames isso, não faz parte do meu nome! – Reclamei. – Foi o Rúben, é linda não é? – Sorria.

- Ui que o amor anda no ar… Olha olha, uuu… apanhei! – Gozava comigo fazendo de conta que apanhava algo do ar, “o amor”.

- Parva! Abre lá isso…

- Sim chefe! - Fez continência. – Heish, o Rita! São lindos, mesmo! E a bolsa… Oh meu amor, obrigada. – Abraçava-me.

- Eu sabia que ias gostar, era a tua cara!

- Aii adoro-te tanto miúda! – Disse voltando a abraçar-me com um sorriso enorme.

Adorava vê-la sorrir, vê-la feliz com a vida e sem preocupações. Ela, além de só ser mais nova um ano do que eu, quer dizer, daqui a uma semana fazia 20 anos mas, mesmo assim, era a minha menina pequena. Tornou-se das pessoas mais importantes para mim em tão pouco tempo, entrou na minha vida num momento e quando dei por ela já estava com ela bem lá no fundo a preencher o meu coração. Ela merecia muito mais do que aqueles presentes. Já me ajudou muito, tanto profissionalmente como em relação á vida pessoal, era ela que me puxava para cima, era ela a única que me conseguia por um sorriso na cara quando estava mais em baixo e, quando tudo parecia desabar, ela estava sempre lá, do meu lado e pronta para me ajudar.

Ela foi tomar banho e eu também, vestimos uma roupa simples e confortável e saímos de casa. Durante a viagem ligamos o Rádio e só cantávamos. Quem nos visse dizia que éramos umas tolinhas mas não nos importávamos, junta cada parvoíce era natural, era a nossa maneira estar bem.
Quando chegamos começamos por comprar as coisas essências, arroz, massa, carne etc…
Quando estávamos na sessão do pão avistei algo que já não via à muito, algo que não queria ver nem sequer relembrar. Por momentos fiquei estática, não me soube mexer nem sequer respirar. Um nervoso miudinho misturado com medo e angústia percorreu cada gota do meu sangue fazendo-o fervilhar. A minha respiração tornava-se cada vez mais intensa e descontrolada, sentia o meu coração a palpitar e só faltava sair pela boca. Tinha que sair dali antes que fosse tarde de mais. Despertei para a vida e num ápice amarrei na mão da Ana e desatei a correr dali com ela a perguntar o que se estava a passar. Ainda deixei cair umas coisas no chão mas não me importei, só queria sair dali. Estava a desesperar, não sabia por onde fugir e ela, amarrada a mim, era quase que arrastada com uma cara de quem não percebeu nada. Vi uma porta ao fundo e não excitei em entrar. Mal entrei fechei a porta com medo que alguém entrasse. A minha respiração estava pior do que nunca e teimava em me fazer uma sensação desagradável perto do coração.

- Rita, calma! Que se passou, fala comigo.

Não disse nada, não conseguia. Comecei a chorar intensivamente e abracei-me a ela com a força que me restava.

(V. Ana)

Já estávamos á algum tempo nas compras quando me lembrei de comprar pão e quando estava a escolher, a Tááh, completamente descontrolada, amarra em mim e começa a correr apavorada como não houvesse amanhã. A sua cara era de medo, desespero e mil outras coisas. Estava-se a passar alguma coisa e eu não estava a entender o que era. Depois de entrar numa porta que por acaso parecia ser a arrecadação de alguma coisa, ela não me responde e desata a chorar abraçando-me. Queria saber o que se estava a passar, estava cada vez mais preocupada mas tinha que respeitar o seu espaço, deixei-a estar abraçada a mim para que sentisse o meu apoio e protecção.

- Chora amor, chora. Deita tudo cá para fora.

Ela amarrou-me com mais força e continuou abraçada a mim até o seu choro e respiração acalmarem. Senti-mos alguém perto de nós e ela dá um salto.

- Meninas, peço desculpa mas não podem estar aqui.

- Sim, claro. Nós é que pedimos desculpa.

Notava a minha menina com medo e sem saber o que fazer, calculei que ela não quisesse sair e por isso falei á senhora.

- Desculpe, podemos sair pelas traseiras?

- Claro menina, venha por aqui. – Dizia a senhora simpática e atenciosa enquanto nos dirigia até à saída.

- Obrigada. Até á próxima. – Disse com um sorriso e sem largar a Tááh.

Entramos dentro do carro e não falamos o caminho todo, eu sabia que ela queria estar assim e por isso não interferi nisso. Custava-me vê-la assim mas eu ia esperar, quando ela quisesse contar contava.
Chegamos a casa e ela só me soube pedir desculpas.

- Desculpa isto tudo! – Disse aterrada.

- Senta-te aqui… Queres falar o que se passou? – Perguntava com a cabeça dela no meu ombro.

- Sabes que à uns anos atrás eu vivia com os meus pais, e a minha vida por assim dizer era muito boa, tinha dinheiro, uma família que me amava, era boa aluna, tinha amigos espectaculares e… o Pedro…

- O Pedro?! Que tem esse canalha?! – Perguntei de boca aberta.

- Vi-o lá…

Pedro era o ex-namorado da Rita, eles andaram um tempo juntos, era um casal bonito até que o Pedro começou a entrar em vícios e mais vícios. Era o tabaco, o álcool, o jogo… A Rita bem tentava acabar com ele mas ele dava-lhe sempre a volta, ela era frágil e ao ama-lo verdadeiramente, era fácil cair nas garras dele. Ela uma vez fugiu, e foi aí que ele começou a sentir necessidade dos vícios pois não tinha como os satisfazer. Perseguiu-a sempre, para onde quer que ela fosse, batia-lhe e ela nada podia fazer… O dinheiro que ela tinha guardado para completar todos os estudos foi roubado por ele e gasto em facções de segundos no jogo…
Ela voltava a fugir mas cada vez era pior, era a família dela que ele punha em causa, a sua irmã…
Mas um dia ela consegui fugir para outro pais com os pais, estiveram lá um tempo e conseguiram que ele passasse algum tempo na prisão, quer dizer, uns dias… Nunca conseguiram provar que era ele que fazia isso.
A minha linda foi forte e ao vir para Lisboa conseguiu suportar e enterrar este assunto. Teve forças e deixou o medo de ele a voltar a perseguir para trás. Desde que me contou pode fazer uso e abuso de todo o meu apoio, ela era uma pessoa importante como ouro e ela merecia mais que tudo ter alguém do lado dela naquele momento.
Mas tudo voltou, tudo voltou para a atormentar de novo e consumir a cabeça da minha menina com medos e inseguranças. Ainda não acreditava que ele estava cá, e sabe-se lá porque…

- Calma amor, não tenhas medo…

- Ele voltou para atormentar a minha vida! Outra vez… - Chorava descontroladamente.

- Vá, estou aqui amor… Tem calma. Tudo vai passar, vais ver.

***

Foi difícil acalma-la, tinha ficado aterrorizada com a ideia dele voltar a estragar tudo o que ela voltou a construir desde que se viu livre dele. Não tínhamos nada de jeito para comer já que acabamos por não fazer compras nenhumas, por isso, encomendamos uma pizza.
Passando um bocado tocaram á campainha e a Tááh assustou-se.

- Amor tem calma, deve ser o senhor das pizzas.

- Sim… - Disse a medo.

Espreitei pelo óculo quem era e sorri. Ainda bem que eles estavam aqui. Abri a porta e eles entraram.
Cumprimentei o Rúben com dois beijinhos e ao David dei um valente beijo para matar as saudades todas que já tinha dele.
O Rúben viu que a Rita não estava bem e foi logo ter com ela, deixei-os estar ali. Ela mais que nunca precisava de sentir a protecção do Rúben.

- Que ela tem? – David estava preocupado.

- Eu depois falo contigo… Amor, vocês já comeram?

- Não, ‘tavamos passando aqui e decidimos vir ver se queriam ir comer qualquer coisa.

- Oh, nós já encomendamos uma pizza e para mais, duvido que a Rita saia de casa agora.

- Porque?

- Tem a ver com o passado dela, deixa que depois falamos melhor contigo, agora comeis connosco, vou ligar a encomendar mais duas pizzas ‘tá?

- ‘Tá bom meu anjo. – Beijou-me.

Ana Sousa*