domingo, 30 de janeiro de 2011

14º Capitulo - "Só se..."

De repente parei de me conseguir mexer, de respirar e até de sentir. A minha cabeça andava à roda e o meu choro intensificou-se. Já só não tinha mãe, como agora iria ficar deficiente. 
Não havia ninguém por aqueles lados, estava deserto.
O carro começou a deitar fumo pelo capo e eu comecei a assustar-me, tentava gritar e agitar o meu corpo para sair dali, o que me provocava dor uma vez que estava presa.

Passou-me todos os meus anos de vida pelos olhos vermelhos e assustados, desde pequena até as amizades de agora. Pensei que ali seria o fim e uma forma de ir ter com a minha mãe, mas perante este pensamento, do nada, os meus pés se conseguiram soltar e saí do carro. Não sei se foi um sinal ou não como resposta ao meu pensamento, mas que entendi como uma ordem para sair dali.



Meia atordoa-da e ferida na perna com um corte, em que o sangue trespassava pela meia-calça cortada e que me fazia andar coxa devido á ardência que me provocava, tentava procurar um lugar isolado para que pudesse ficar em paz. Só queria estar sozinha, sem ninguém preocupado comigo a dizer que tudo iria passar, porque não ia.


Estava perante uma praia á qual desconhecia, mas bastante bonita e deserta. Ainda com dificuldade caminhei até á areia. Mal a senti uma lembrança apoderou-se de mim, trazendo consigo um dia lindo de praia com a minha mãe.

Lembrança 04 de Julho de 2000:

Tinha andado a chatear a mama a semana toda para ir á praia e hoje ela aceitou. Estava toda entusiasmada que me vesti depressa. A mama ligou á tia Linda para vir connosco. 
Quando a tia chegou com Tiaguinho, prepararam o lanche e fomos logo para a praia.
Tinha os meus 9 anos e adorava ver aqueles senhores em cima das ondas, até parecia que dançavam. Quando caíam corria sempre por mim a cima um arrepio. Eles podiam-se magoar. Eu estava sentada na areia a fazer os castelos que tanto gostava e o Tiago a buscar areia. Estava quase na hora de almoçar então a minha mãe chamou-nos.

- Ana! Tiago! Vinde papar. - dizia a mãe com a voz doce.
- Ana, quem chegar em ultimo não come! Ahaha, vais perder! - dizia ele já a correr.
- Como como! - Aquele estúpido tinha chegado primeiro. - Mãezinha, eu quero comer por isso és tu que não comes!!
- Ai é? Então anda cá, anda. - pegou em mim e começou-me a fazer cocegas.
- Ai, pára, pára. Está bem, come lá. - dizia por entre gargalhadas.
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Senti o meu corpo desfalecer e a saudade apertou-me o coração. Não podia ter perdido a minha mãe, não podia. Tinha que ser mentira.
Caminhei perante um choro contínuo até dois rochedos. Aquilo não me estava a acontecer.
Sentia dor, raiva, tristeza, saudade, sentia tudo, e não sentia nada. Sentia dor por todo lado, tanto de estar aleijada como da saudade que me invadia o coração. Ao mesmo tempo, sentia-me vazia, vazia como nunca me sentira antes. Faltava ela, só ela.

(Visão de Rita)

No ecrã do telemóvel vi que era o seu primo e olhei para o Rúben com uma cara de confusa. Mesmo assim apressei-me em atender.

- Estou? Rita?
- Sim, sou eu. Passa-se alguma coisa?
- A Ana está contigo? Diz-me que esta! - ele estava com uma voz de preocupado o que me fez ficar de novo também.
- Não Tiago, não está. Não a vejo desde que ela saiu da minha beira hoje no jogo. Ela não me disse mais nada. Vim para casa e ela não está. Também queria saber. Mas o que se passou? - Estava visivelmente preocupada.
- Rita, a mãe dela, a minha tia... Ela faleceu. - Senti um inicio de choro vindo do outro lado e comecei a tremer.
 - Óh meu Deus. Onde ela pode estar?! Eu vou procura-la Tiago, não te preocupes!
- Obrigada Rita. Assim que souberes qualquer coisa liga-me.

Não estava a acreditar naquilo. Eu não falava e comecei a sentir as minhas pernas a tremer e o meu pensamento foi interrompido pelo Rúben.

- Rita, que se passa? Quem era?
- Era o primo da Ana. - disse ainda meia paralisada. - A mãe da Ana morreu Rúben. E eu não sei dela...
- O quê? Mas... Calma Tááh. vamos encontra-la. - disse tentando acalmar-me e passando a sua mão pela minha cara. - Sabes onde ela possa ir?
- Não Rúben. Não era costume ela ficar mal. E quando estava em baixo refugiava-se no quarto. Com a musica, e, só se...
- Só se? - Interrompeu-me com um pouco de ansiedade.
- As piscinas! As piscinas Rúben. Vamos!

Pegamos nas coisas e saímos a correr em direcção ás piscinas. Ela só poderia estar lá.
Chegamos dez minutos depois. Corri em direcção á recepção e vi que estavam a fechar.

-  Boa noite. Não está aqui nenhuma rapariga chamada Ana?
- Não minha senhora. Não esteve aqui nenhuma rapariga com esse nome. Nem durante o dia todo.
- Obrigada. E desculpe.

Corri para junto do Rúben e abracei-o. Estava a precisar daquele abraço mais do que nunca.

- Não esteve aqui Rúben. Não sei onde ela está. - disse ainda junto ao seu peito com as lágrimas que teimavam a cair. - Não quero que ela faça nenhuma asneira.
- Calma linda. Vai estar tudo bem. Não podes fazer mais nada. Anda para casa. Eu fico contigo.
- Não Rúben, deves estar cansado. Vai descansar. 
- Nem penses que te deixo sozinha. Vou ficar contigo hoje.
- Obrigado, obrigado por tudo. - disse apertando-o com força.
 - Xiiu 

Fomos para o carro e seguimos caminho.
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(Visão de Ana)

Senti que havia tanta coisa por dizer. Tanta coisa que podia ter dito e não disse...
Senti-me suja e inútil, e por entre as lágrimas que derramava fui com o meu corpo inseguro em direcção ao mar. Só queria sentir a água fria a larvar-me a alma. Lavar-me de tudo o que podia ter dito e não disse. De todas as "mentiras" que já disse, de todas as coisas que não devia ter feito e que agora não posso remediar.

Senti a água gelada a percorrer-me a cintura, desequilibrei-me e o meu corpo caiu na água como como uma pedra. O meu cabeço tapou-me os olhos e fiquei sem ar. Senti a minha ferida a arder como nunca tinha sentido tal coisa. Amarrei-me a uma rocha e fiquei deitada sobre ela. Não podia mais com aquilo. 
Apetecia-me fugir de tudo.

Espero que gostem. Comentem por favor!! 
A vossa opinião é fundamental nesta altura.
Beijinhos
Ana Sousa*

sábado, 29 de janeiro de 2011

13º Capitulo - "Não! Não! Não pode ser.."

Olá meus amores! Obrigada pela vossa visita e desculpem se não continuarei e postar tão frequentemente porque agora as semanas de testes andam á porta e tenho que me empenhar. 
Tive umas ideias para a fic de espero que gostem do novo rumo que vou dando á história. Agradecia muito que dessem a vossa opinião. Era fundamental.
Beijinhos A'S*

Por entre gritos e louvores dos adeptos estava eu, sentada, calada á espera que o meu pensamento não me dominasse e me levasse para onde não queria...
Já a Rita, esta estava tola. Gritava, assobiava, saltava para apoiar a equipa, e ao Rúben. Notava-se o brilho nos seus olhos ao pronunciar o seu nome, o que me agradava imenso. Ela estava feliz, e eu na medida dos possíveis, estava feliz por ela...


O jogo estava a correr lindamente para o Benfica e, até que a outra equipa se descuida e o Fábio Coentão pega na bola e ruma em direcção á baliza, passa a Carlos Martins, Carlos Martins passa ao David que estava a poucos metros, este com a bola nos pés começa a correr até que, quando se preparava para rematar o árbitro apita para o final da primeira parte. Todos os adeptos protestaram contra o árbitro e vi tristeza no David, que se encaminhou cabisbaixo para fora do campo.Era normal, era uma boa oportunidade de o Benfica ficar em vantagem.

Durante o intrevalo a Tááh esteve sempre a tentar animar, até que conseguiu que eu melhorasse. Já estava pronta a animar o nosso Benfica.

O jogo começou e os jogadores pareciam estar como novos, tanto uns como outros.
Aos 73 minutos os jogadores do Benfica ganham terreno e quando demos por ela já estava tudo ao rubro. O Saviola tinha acabado de marcar o primeiro golo do Benfica. Eu e a Rita saltamos do banco assim como todos os adeptos do Benfica...

O jogo estava quase a acabar e ouço o meu telemóvel a tocar. Peguei na minha mala e comecei a procura-lo. Até que o encontrei. Vi que era um primo e disse á Rita que ia atender a chamada. Reparei que o David me viu a sair em direcção á porta mas rapidamente se concentrou no jogo.
Quando cheguei as escadas olhei para o telemóvel e atendi andando em direcção á porta de saída.


- Então priminho? Está tudo bem?
- Ana...
- Então? Que voz é essa? Que se passa?
- Ana, onde estás?
- Estou no estádio, vim ver o jogo, mas porque?
- Ana, a tua mãe...
- Tiago! A minha mãe o que? Não! Não! Não pode ser... - disse já por entre choro descontrolado. - Não, isto não me pode estar a acontecer! A minha mãe não.
- Calma, calma por favor. Vai tudo passar. O teu pai está a precisar de ti...
- Calma? Como posso ter calma?! A minha mãe não!!! - Estava perante um choro descontrolado e sufocante. Perdi todas as forças que me restavam e deixei cair o telemóvel. Aninhada nas ultimas duas escadas, chorava e balançando o meu corpo lentamente falava quase que em surdina e repetidamente.


- A minha mãe não. A minha mãe não, a minha mãe não...

Passando uns bons minutos naquela situação, tentei acalmar-me mas estava longe disso.
Não podia continuar ali. Tinha que ir embora. Por isso, arranjei forças, sem saber bem como, levantei-me e corri para o carro sem que as lágrimas parassem de escorrer.
Liguei o carro e fui em direcção a casa.
A meio do caminho lembrei-me que a Rita iria acabar por chegar e eu não queria estar com ninguém. Só queria fugir e ter a minha mãe junto de mim.
Dei meia volta e fui em direcção ao desconhecido..


(Visão de Rita)

Graças a Deus consegui anima-la. Já estava farta de a ver assim.
Ela tinha ido atender uma chamada do primo, mas já estava a demorar muito, já estava a ficar preocupada.
O jogo tinha acabado e nada de Ana. Ainda liguei para o telemóvel dela mas estava desligado.
Enquanto o Rúben se arranjava eu fui ver por onde ela andava. Quando cheguei cá fora não avistei o carro dela. Estava cada vez mais preocupada. Mas devia ter ido para casa. 
Fui esperar pelo Rúben e graças a Deus ele despachou-se mais rápido do que o costume.


- Rúben, vens comigo?
- Que se passa Rita?
- A Ana á mais de meia hora que foi atender uma chamada e não veio mais ter comigo. Já lhe tentei ligar e está desligado. E o carro dela não esta lá fora.
- Tem calma. Deve ter ido embora... Vamos, já para tua casa.


Saímos e o David nem tinha sequer saído do balneário. Fomos até á garagem e seguimos para casa. Ele bem me tentou acalmar, mas algo não estava bem.
Quando chegamos, ele estacionou e eu apressei-me em subir. Ele veio logo atrás de mim. Ela iria ouvir das boas.
Quando entrei em casa não a vi, fui até ao quarto dela e nada. Não estava em lado nenhum. Agora estava realmente preocupada.


- Rúben, ela não está. - disse respirando fundo. - Onde será que anda...
- Calma Rita, ela andava um bocado abalada, pode ser que quisesse ficar sozinha para poder pensar. Tu sabes como ela é melhor que ninguém.
- Sim, deve ser isso. Obrigado por estares aqui comigo.
- Não sejas tonta. Vou estar sempre.


Passou-se um tempo e nada dela. O Rúben estava comigo e não tencionava ir embora.
Ele foi-me fazer um chá quando ouço o meu telemóvel a tocar.
Peguei nele num ápice e vi quem era.
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(Visão de Ana)


Já estava a andar á algum tempo por onde não conhecia os caminhos. Dos meus olhos não paravam de escorrer lágrimas e a minha cabeça começava a lutar contra mim numa dor que se fazia insuportável.

Por momentos esqueci tudo e só pensei em ir para junto da minha mãe, estivesse ela onde estivesse. Acelerei o quanto mais pude, estava a perder a razão e o controlo no meu corpo. 
Ia numa velocidade á qual a minha raiva se igualava. As minhas forças foram-se perdendo e as lágrimas tornavam a minha visão cada vez mais ofusca e desfucada. 
Senti o carro descontrolar-se e lembrei-me do meu pai, dos meus primos, dos meus amigos. Ainda tentei parar o carro. Travei com força mas quando dei por mim era tarde de mais. 


- Aiiii! Não!!!

Ana Sousa*

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

12º Capitulo - " Quanto mais fundo melhor"

Minha gente!! Obrigada pelas 3000 visitas :D
Desculpem não continuar a postar todos os dias, mas tem andado difícil.
Deixem o vosso comentário com a vossa opinião! Espero não vos desiludir.
Beijinhos    * A'S
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(Visão de Rita)

Já se passara duas semanas e ela não o vira sequer. Ela dizia que era o melhor, mas eu via nela que faltava algo, algo que só vejo quando está com ele, algo que a preenchia e lhe punha aquele sorriso que eu adoro ver na minha melhor amiga. Já se tornava difícil vela assim. Fingia sempre tudo bem, mas conheço-a bem o suficiente para saber que não estava, e que no coração dela existe algo vazio.

Eu e o Ruben andava-mos bem, as coisas cada vez estavam mais sérias e eu já estava a gostar mesmo, mesmo dele. Eu bem tentava organizar uns jantarzinhos com o pessoal mas já sabia que a Ana não iria querer vir, e não iria ter a mesma piada.
O David já não andava o mesmo, nos jogos, andava cada vez mais distraído, e quando estávamos todos juntos, não era o David. Aquela alegria, aquelas brincadeiras.. Nunca o vira tão fechado.
Eu desconfiava que ele gostasse da minha Aninhas, mas o Ruben dizia-me que ele andava confuso, e a ex-namorada andava a estragar tudo com mensagens e telefonemas que ainda o punham pior. Coitado, também era tudo em pressão em cima dele, os clubes interessados para sair do Benfica, a ex-namorada...
Não me atrevia a falar disto com a Ana, pois sabia que ainda ia ficar pior...
Hoje era Sábado e dia de jogo do nosso glorioso. Queria ir ver com a Ana, tentar tirar a minha pulginha de casa.
Dirigi-me ao quarto dela e entrei.


- Posso Amor?
- Entra Tááh. Precisas de alguma coisa? - perguntou-me enquanto tirava os phones dos ouvidos. Estes últimos dias era isso que fazia. Ouvir musica e mais musica..)
- E que tal irmos ao Colombo? Preciso de fazer umas comprinhas..
- Hey o Tááh! Não me apetece nada..
- Óó minha pulginha anda lá. Também tinhas dito que precisavas de uma roupinha..
- Pronto. Está bem chatinha. Vou já me vestir..
- Veste algo bem fofinho tá? E não te esqueças do cachecol.. - (atirei muito rápido para ver se escapava).
- Hã? Cachecol para que? Não Rita, nem penses que vamos... - (interrompia de imediato)
- Vamos sim! Acho que me deves isso Ana! Eu bem te quero ajudar a sair do ninho mas tu não deixas! Isso só te faz mal. Afinal vamos ver o Benfica! O Benfica! - (reforcei a palavra Benfica para que percebesse que íamos com o intuito de ver a equipa, não 1 ou 2 jogadores...)


Saí do quarto e ela nem respondeu, apenas limitou-se a olhar. Ela tinha entendido. Já estava na hora de andar para a frente.
Fui até ao quarto e tomei um banho...


(Visão de Ana)

Não acredito nisto. Estava tão bem em casa e esta morcona vem me tirar daqui.
Não queria nada ir ao jogo, só me iria fazer mal revelo. Mas a Rita tem razão, eu devia-lhe isso. Limitei-me a olhar para ela enquanto ela saiu para tomar banho.
Abri o armário e procurei uma roupa para vestir. Vesti a roupa mais simples que tinha. Não estava com paciência para nada.


Peguei na bolsa, meti as minhas coisas, e peguei nos nossos cachecóis. Eu tinha dois, mas limitei-me apenas a pegar no que dizia apenas Benfica. O do nº23 continuava bem lá guardado na gaveta. Quanto mais fundo melhor...

Depois de a Tááh se arranjar saímos e direcção do Colombo.
Aquilo estava cheio de gente, normal para um Sábado...
Andamos por volta de umas lojas e lá acabei por comprar uma roupinha. Acabamos por comer qualquer coisa lá e ficamos um bom tempo á conversa.


- Ó minha pulginha, ainda não te disse. Hoje recebi uma chamada. Um primo meu mudou de casa e parece que vem "comprar a minha loja"... 
- Comprar a loja como assim?
- Olha, vem me comprar a mercadoria, decoração para a casinha nova é tudo da lojinha da Tááh! - (disse com um sorriso enorme)
- Óó meu amor, fico Tao feliz por ti! O teu negocio está cada vez melhor. Qualquer dia tens que expandir a loja. - ( Atirei e ela olhou-me pensativa)
- Olha que não era má ideia! Ai minha pulginha, a Tááh vai expandir, a Tááh vai expandir!!!
- ( Naquele momento abraça-me e pronuncia essas palavras com voz alta.)
- Estava a brincar mas parece que é boa ideia. E mais um bocadinho e não custa nada..

Estivemos assim um bom tempo a festejar esta minha ideia, que por sinal foi totalmente aprovada...
Voltamos a dar mais umas voltas nas lojas e desta vez paramos. 


- Queres alguma coisa daqui Tááh?!
- Não. Precisas de mais alguma coisa?
- Sim. Tenho que renovar a minha roupa interior.
- Pois. Mais uns tempos tens que renovar o teu guarda roupa, da maneira que andas a comer pouco... - ( Já me ia melgar e eu despachei a conversa)
- E que, vens ou não?
- Está bem, está bem...


Estivemos uns 20 minutos na loja e acabamos por sair com algumas sacas...
A Rita viu que já se fazia tarde e que nos tínhamos de despachar para ver o jogo. Fomos a um café, pedimos umas sandes e uns sumos e saímos.
Desta vez foi a Tááh a conduzir. O que de certa forma não foi lá muito bom pois despertou-me para a realidade, o que me fez pensar para onde ia e quem poderia ver. Os meus pensamentos voaram até ao outro lado do planeta mas por vontade própria despertei. Não podia pensar nessas coisas! Só me ia fazer ficar pior. E eu já andava bem melhor...


Chegamos e vi a Tááh a olhar para mim..


- Que foi? - (perguntei)
- Não queres ir pois não?
- Não Rita, não vou para os camarotes. Vai tu e manda beijinhos ao Ruben...
- Não, não te vou deixar sozinha. Eu vou contigo.
- Não! Não é preciso.
- Calou! Aii já. Vou contigo e mais nada!
- Está bem chatinha.


Fomos para as bancadas e o estádio já estava ao Rubro. Como era bom ser Benfiquista, sentir aquele amor que os adeptos transmitiam perante tantos sorrisos, choros, gritos, cânticos... Era algo que eu adorava.


O jogadores começaram a entrar para o aquecimento, mas ele não. Ele não estava lá. Mas porque? Será que está tudo bem?
Tentei me abstrair do que percorria a minha mente e cerca de 10 minutos de pois ele entrou.
Senti um aperto no peito do tamanho do mundo. Ele continuava lindo, com aqueles caracóis rebeldes e aqueles olhos lindos. Mas faltava o sorriso. Sorriso esse que vi despertar quando nos avistou no meio daquela multidão perto do campo. Não consegui conter e sorri também. Não devia ser o melhor olhar estar lá, a vê-lo, mas senti-me bem, senti-me preenchida quando vi aquele sorriso.


O jogo começou e durante algum tempo nos dominávamos a bola a maioria do tempo. Posso até afirmar que não estava a ver o jogo do Benfica, mas sim ver o David jogar. Não sei se me fazia bem ou mal, mas o meu olhar não queria parar de avistar aquela cara perfeita... 


Como será que corre o resto do jogo?


Beijinhos
Ana Sousa*

sábado, 22 de janeiro de 2011

11º Capitulo Parte III - Devia estar fugindo de novo

A Rita não queria que eu fosse embora, e se fosse sabia que a magoava. Mas não estava a aguentar aquela pressão. Era como me estivessem a empurrar as costelas e me fizessem apertar o coração de uma maneira sufocante.

- Rita desculpa. Não consigo.. - Já com os olhos vermelhos das lágrimas que tentava prender pus-me de pé com intenções de ir embora.
- Espera, eu vou contigo...
- Não! Tu ficas. Vais sair com o Rúben. Não quero estragar a tua noite.
- Mas...
 - Mas nada! E desculpa.

Ela sabia bem o que precisava e por isso abraçou-me com força. Respirei fundo e senti-me mais calma. Fui á casa de banho para ver a minha cara. Ajeitei o que tinha que ajeitar e dirigi-me para a porta com intenções de sair.
Pus a mão na maçaneta, mas não fui eu que a abri. Senti uma força a empurrar a porta para o meu lado, e afastei-me. Estremeci por completo. Era o Ruben.

- Onde vais Ana?

Tinha que sair dali o mais rápido possível, antes que ele viesse, ou o Ruben começasse a fazer perguntas. Ele já devia saber o que se passava, por isso ainda tentei sair pela parte vazia entre a porta. Mas rapidamente outro corpo apareceu. Este era mais alto.


- Devia estar fugindo de novo. - Era o David. Estava a falar para o Ruben mas com o olhar posto em mim. A voz dele pronunciava as palavras de forma um pouco fria e magoada. E senti-me como o chão fosse desmoronar.
Ele desviou-se deixando espaço para passar, como me dando permissão para voltar a fugir. Olhei para ele e não o fiz, não me fui embora. Os seus olhos mudaram, mas ainda não conseguia descodifica-los.
A Rita olhava atentamente para nós à espera de uma reacção minha. Eu estava decidida, mais tarde ou mais cedo iria ter que falar com ele. Não adiantava estar a fugir.


- Vamos conversar David? - disse quase que em soluços. 


Ele não me respondeu e apenas veio atrás de mim. Durante o caminho só me disse para virar á esquerda e fui dar a uma sala pequena, apenas com uma mesa grande, um sofá e um plasma. Antes que ele dissesse qualquer coisa comecei a desculpar-me.


- David desculpa. Eu sei que não o devia ter feito, e que muito provavelmente é o que me vais dizer. Que foi um erro e que me vai custar a tua amizade. Eu sei. Mas não consegui evitar.. Não sei o que se passou pela minha cabeça. Desculp... - Pôs-me a mão na boca e começou a falar.
- Ana, pára! Porque é que só esta dizendo bobagem? Deixa eu fala. Se foi um erro ou não, não sei. Você fugiu logo sem explicar nada. Fugiu de mim, e nem deu hipótese de eu dizer qualquer coisa. Não precisa se desculpar não. Não percebi porque você o fez, mas não vai custar minha amizade não. 
- Desculpa. Eu ando muito confusa. Eu sei que não o devia ter feito David. E também sei que não devia ter fugido. Mas não consegui reagir de outra forma. Não me és indiferente, confesso. Foi mais forte do que eu. Desculpa se estraguei alguma coisa. Se já não fores a mesma pessoa comigo. Eu devia te ter respeitado, a ti e à tua namorada. Eu vou-me afastar prometo. - disse já entre soluços.
-Ana, não fazia ideia que estavas "interessada" em mim. E não, eu já não namoro. Nós acabamos não á muito tempo. Ela ainda me vem á cabeça sim, varias vezes, mas ela não merece, foi interesseira comigo.. - interrompi.
- E agora pensas que eu também... - ele nem ligou ao que eu disse e continuou a falar.
- Mas para ser sincero estes dias você tem andado em volta da minha cabeça, não minto pra você. Mas não é nada concreto. Assim como para você também não é. E não sei se esse beijo foi bom ou mau.
- David, já percebi, tu ainda a amas, é normal. Desculpa eu afasto-me de ti. Não te preocupes mais com isso. - Disse aquilo meia desorientada, á pressa,. Pois voltei a fugir. 


Saí de la o mais rápido que consegui. Na minha face já escorriam lágrimas e meu olhar era algo escuro. Não parei até ao carro. Pus-me dentro dele e guiei até casa. 
Chorei e chorei, e sem nunca saber bem o porque. Mas lá no fundo sabia que já gostava dele. Era ele por quem o meu coração queria começar a chamar, e logo á primeira fala é interrompido. Sentia-o mingar dentro de mim, para que nada de maior o apertasse. Sentia-o com batimentos quase nulos ou quase insuportáveis. A minha respiração tornava-se ofegante, e o meu olhar fusco devido as quantidade de lágrimas pressas nos meus olhos. Estive bastante tempo assim até que o meu telemóvel tremeu. Era dele.


"Não precisa fazer isso não. Sei que está confusa, eu também. Mas não precisa de ser assim não. Beijo David."

Respondi-lhe ainda que tenha hesitado.

"É o melhor para os dois. Não me vou meter mais. Desculpa.
Ana"

Acabei por adormecer cedo. Uma coisa que pensava ser impossivel naquele momento.

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Os dias foram passando e a Rita já estava a par de tudo o que acontecera. Assim como o Ruben. Ele e a Tááh já estavam numa de andar sem problemas, uma especie de curte.
E pelo que o Ruben disse á Rita o David andava um pouco desorientado. Mas devia ser porque pensava muito na sua ex-namorada.
Eu andava normal. A Tááh chamava a esta normalidade esquisita. Dizia que estava pacifica de mais. Também achava estranho a minha pacificidade. Havia algo de estranho. 
O Benfica já tinha tido jogos e a Rita tentava-me convencer a ir, mas em nenhum deles teve sorte. Não me queria meter mais na vida dele, embora que ver um jogo não era propriamente faze-lo. Mas quanto mais longe estivesse mais facil era. Ou pelo menos achava eu, mas não era isso que o meu coração sentia. Sentia tristeza e saudade. Sentia um pouco de tudo. 


A musica e a natação tinham-me acompanhado estes dias que passaram. Chegava mesmo a ir duas vezes por dia ás piscinas e até adormecer com os phones nos ouvidos. Comia menos e só saia de casa para o trabalho. Era isto que a Tááh me dizia todos os dias, como argumento para eu sair de casa. Ela só me queria ajudar, mas não andava com vontade. 
Não era crise de amor... Afinal não o amava... 


Será que ela não o ama mesmo?


Ana Sousa*

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

11º Capitulo Parte II - Mexe mas é esse rabo, oupa!

Acordei com a Tááh a fazer barulho na cozinha, já devia ser tarde. Peguei no telemóvel para ver as horas e constatei que já eram 18:15h. E tinha o mensagem da Tááh.

"Oh amor, está tudo bem? Costumas sair cedo da associação e ainda não deste noticias.
Não te esqueças do jogo de logo. Beijinhos
Tááh."

Pus-me a pé e fui até a cozinha. Ela estava de volta dos armários.


- Olá tontinha.
- Aii! Que susto. - Ela estremeceu ao me ver.
- Ai calma. Só sou eu... Desculpa não te ter dito nada mas o D.Gonçalo dispensou-me agora à tarde e com o sono que estava adormeci logo.
- Mas dispensou-te porque? Estás bem Ana?
- Estou toto. Só que ontem não dormi nada e hoje estava a morrer no trabalho. E ele pronto. Mandou-me para casa.
- Ah ok. Olha vai tomar um banho enquanto eu ponho o frango no forno. O jogo é as 19:30h temos que comer mais cedo.
- Oh Rita, não sei se vou...  Não tenho vontade nenhuma.
- Tu não tens o que? Mexe mas é esse rabo, oupa! 
- Oh, a sério. 
- Ana, passou-se algo ontem não se passou? Estas esquisita. Podes falar comigo.
- Não...
- Querida eu conheço-te bem. Diz lá.
- Estou tão confusa Tááh. O David não me tem saído da cabeça, e não sei porque! Ele mexe comigo, é verdade. Ele não me é indiferente, também é verdade. Mas porra, já é demais... 
- O que se passou para ele ontem estar assim?
- Assim como? não percebi. - a verdade é que não tinha percebido mesmo o que ela queria dizer com aquilo.
- Óh Ana desde que foste embora o David ficou esquisito. Ficou mais "tristonho". E até foi embora mais cedo. O que aconteceu.
- Foi impressão tua...Eu caí á piscina. E ele ajudou-me.
- E... - não queria contar, mas mais tarde ou mais cedo ela teria que saber. E se não fosse por mim talvez ficasse chateada. Ainda pensava que não confiava nela. Mas confiava. Das pessoas em que mais confiava..
- Não te escapa nada pois não Tááh?! 
- Não. Claro que não. Agora conta lá...
- Foi quando eu caí á piscina... Ele pegou em mim e ajudou-me para me sentar. E não resisti...
- Tu...?
- Sim. Eu beijei-o...
- Tu beijaste-o? E ele? 
- E ele nada! Não lhe dei tempo também. Pedi desculpas e sem dizer mais nada vim embora. Não o devia ter feito. Tenho medo que ele não queira mais a minha amizade. A minha cabeça anda ás voltas. Não sei o que fazer. Não dormi nada, porque passei a noite a pensar naquilo. Acho que estraguei tudo. Nem sei porque o fiz. Por isso é que é melhor eu não ir hoje, só iria piorar as coisas.


Ela sentou-se ao meu lado e pegou nas minhas mãos. As dela estavam quentes o que me deu conforto.


- Ana, calma! Mais cedo ou mais tarde vais ter que falar com ele e esclarecer as coisas! Também nem deste oportunidade de ele se expressar. E não precisas de estar confusa. Não fujas das coisas, dá para ver ao longe que estas a ficar apaixonada amiga. Deixa as coisas andarem. Vive o agora, se não der não deu. Se não tentares não o vais conseguir de certesa. E sim, vais ao jogo comigo! E por isso vai lá tomar banhinho sim ó toto?! - As palavras dela deram-me segurança e conforto, o que me fez relaxar todos os músculos. Abracei- a com força e agradeci.


- Obrigada amor! Só tu..
- De nada toto. Vai lá tomar banho. Não quero chegar atrasada. Áh e põe-te bonita está bem? - piscou-me o olho.
- Nécia...


Fui directa para a casa de banho. Tomei um banho quentinho e deixei-me estar lá uns minutos. No fundo ela tinha razão. Era muito mais que indiferença, e tinha que deixar as coisas andar, mas eu não era capaz de ser assim tão radical. Tinha medo do que podia acontecer.
Saí e coloquei o creme nas pernas. Abri o Armário e vesti uma coisa simples. Não estava para me produzir, até porque ia ver um jogo de futebol e não propriamente a alguma festa. Vesti uma camisola vermelha um casaco cinza escuro, umas calças de ganga e umas sapatilhas.




Quando estava a secar o cabelo ouvi a água correr. Ela devia estar a tomar banho. Parei de o fazer e fui para a cozinha para por a mesa, mas ela já o tinha feito.
Fui ao quarto da Tááh e escolhi-lhe a roupa.


Vim para a sala e liguei a televisão, não estava a dar nada de jeito. Ouvi o som do forno e fui tirar o frango. Estava com um aspecto delicioso. 


- Amor, já está pronto. Vens? - disse numa voz mais elevada para que ela ouvisse.
- Sim toto. Já estou cá. Huum, que cheirinho!

Comemos e repetimos. Estava realmente bom. Pegamos nos cachecóis nas nossas coisas e saímos de casa para não chegarmos atrasadas. Mas também não me importava, quanto menos tempo lá estivesse melhor. Conseguimos encontrar sitio para estacionar e dirigimo-nos á entrada.


- Rita, onde vais?
- Onde vamos! Vamos para os camarotes ou esqueceste-te?
- Não Rita. Não vou. Não me quero cruzar com ele.
- Ana. Vala. Já tínhamos combinado tudo. Anda, por mim.
- Oh está bem. Mas só vou porque sei que tu e o Rúben...
- Nós ainda nada. Anda vala amor.
- Está bem... 


Nunca mais me tinha lembrado que eles tinham combinado ir para os camarotes. Tinha receio de o ver, da reacção dele. Eu sei que não podia fugir muito mais tempo, mas não o conseguia enfrentar depois do beijo.
Quando chegamos á porta parei.


- Anda amor. Não tenhas receio. Vai correr tudo bem...


Respirei fundo e entramos as duas de mãos dadas. Ele não estava lá, só estava o Rúben. Ainda bem.
Estavam lá algumas mulheres, deviam ser as mulheres do jogadores. Começaram logo a olhar.
Cumprimentei o Rúben, assim como a Rita. Ela perguntou pelo David. O Rúben apontou para a porta. O meu olhar seguiu a sua mão e vi-o.Nesse momento fiquei totalmente sem saber o que fazer. Ele estava lindo, já tinha o equipamento vestido e aqueles caracóis estavam perfeitos.
Ele ao ver-me ficou estático. Provavelmente não me queria ver.
Dirigiu-se à Rita e cumprimento-a. Olhou para mim com um olhar á qual não consegui descodificar o seu sentimento.


- Pensava que não vinha, depois de ir embora como foi.
- Olá David. E não não era para vir. - Disse já cabisbaixa.
- Olha pra' mim vá. Precisamos falar. - Senti um aperto no peito e fiquei sem saber o que fazer. Mas fui salva pelo JJ.
- Meninos, vinde. Esta na hora de ir para o campo.
- Tenho que ir. Mas não fuja por favor.

Livrei-me de boa. Mas porque que ele não queria que fugisse? Para me dizer tudo aquilo que não queria ouvir? Só se fosse...
Eles foram para o relvado e pouco tempo depois o jogo começou. As mulheres vieram ter connosco e conhecemos-nos. Elas eram bastante simpáticas por sinal.
O jogo estava quase no final e estava a ficar nervosa. A Rita disse para ter calma mas eu não conseguia. Estava-mos a ganhar por 2-1. Mas o David não estava nos seus melhores dias.
Deu-se o apito final e o estádio ficou ao rubro.
As vozes que se faziam ouvir faziam vibrar tudo. E o meu corpo devia estar a tremer tanto quanto eles...
Fomos todas para a sala de convívio. Parece que era lá que se esperava pelos jogadores.
Apetecia-me sair dali a correr, sem pensar duas vezes. Mas sabia que magoava a Rita. Não estava a suportar mais e falei.


- Rita vou-me embora...
- Tu o que? 
- Desculpa não consigo... - Caiu uma lágrima pelo meu rosto e ela limpou-o.
- Não vás querida.


Ana Sousa*

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

11º Capitulo Parte I

Eram 05:00h da manhã e ainda não dormia. Passei a noite a pensar e a chorar. Já não sabia bem o que fazer. A minha cabeça estava num perfeito reboliço, em que por mais tempo que estivesse ali, "não atava nem desatava"...
Tinha que ir trabalhar as 08:00h e ainda não sabia bem como. Fiz um esforço para não pensar mais naquilo, peguei nos meus phones para ouvir musica e acabei por adormecer até ser acordada pelo despertador...
Estava com uma dor de cabeça horrível, para não falar na minha cara. Pus-me a pé muito a custo e fui tomar banho. Vesti-me e fui preparar o pequeno almoço para as duas.



Pus algumas coisas na mesa e fui ao quarto da Tááh. Estava a dormir tão bem. Mas estava quase na hora de ela se por a pé, dei-lhe um beijinho e ela acordou.

- Bom dia linda.
- Bom dia. Que horas são?
- Horas de te pores a pé. Anda, já preparei o pequeno almoço.

Fomos para a mesa e começamos a comer. Ela começou a tocar no assunto de ontem e eu não queria falar disso, pelo menos para já. Fingi estar com pressa e saí em direcção á instituição.
Estava a sentir-me esquisita, abri um pouco a janela do carro e liguei o Rádio. Estava a dar Ivete Sangalo.

"Meu coração, sem direcção, voando só por voar. Sem saber, onde chegar, sonhando em te encontrar. E as estrelas que hoje eu descobri no seu olhar. As estrelas vão me guiar. 
Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos, dentro de mim, e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim, talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração.

Comecei a cantar e essa musica só me vez relembrar do dia anterior. Estava tudo mal. Será que o David me iria desculpar? Será que ele vai deixar de ser meu amigo? Aquelas perguntas andavam a rondar a minha cabeça e quando voltei a mim, só me lembro de ter tempo para travar fundo.

- Porra! Raio do Cão. - estava exaltada e decidi encostar o carro. Dei um murro no volante e deixei-me estar assim alguns minutos com a cabeça apoiada entre os meus braços cruzados.
Só me apetecia esquecer tudo. Estava com um sono danado, e aquilo estava a virar a minha cabeça do avesso. Mas porque? Afinal foi só um beijo, era apenas uma boa amiga para ele, ou talvez fui. E eu? Eu não o amava. Não podia!

Não queria chegar de novo atrasada então peguei no carro e conduzi com um esforço enorme até á instituição.
Estava tudo calmo. Muito das pessoas que tinham que  ir lá todos os dias ainda não tinham chegado o que foi bom para não me cansar muito. Fui ver os meus pequeninos e estavam quase todos a dormir, excepto o menino novo. A D.Adelaide que fica lá com eles disse-me que ele não dormiu quase nada. Então fui falar com ele.

- Olá pequenino. Que se passa?
- Tenho saudades da minha mãe. Ela não vem mais pois não? - estremeci ao ouvir aquilo. Era sempre difícil falar destas situações.
- Oh pequenino, a mãe estava a passar mal. Precisava de estar sozinha sabes? Mas ela volta. 
- Oh, não precisas de mentir. Ela foi embora por eu ficar assim. Foi não foi? Diz a verdade.
- Olha, tu já tiveste medo não já? 
- Sim
- Sabes, as pessoas grandes também têm medo, não é só os pequeninos. E a tua mamã ficou com muito medo e sem saber o que fazer. Mas se ela perder o medo ela vem amor. Mas nós vamos estar sempre aqui contigo está bem? Não vamos ter medo, pois não D. Adelaide? - virei-me para ela para que reforça-se a minha ideia.
- Claro que não Bruninho. Nunca vamos fugir.
- Pois não. E agora vais dormir está bem? Tens que descansar para melhorar rápido.
- Não quia...
- Se eu ficar aqui á tua beirinha, tentavas dormir um bocadinho?
- Sim.. Obrigada Ana. - sentei-me ao lado dele na cama, e encostei a cabeça dele á minha. Dez minutos depois estava dormir calmamente. Com o sono que estava adormeci com ele...

12:45h

- Ana? Menina Ana?
- Sim? O que? Desculpe Sr. Gonçalo. Eu estive aqui a tentar adormecer o Bruninho e acabei... - não me deixou acabar e falou.
- Ana, calma. Não precisa de se desculpar. A D. Adelaide explicou-me a situação. Ela também me disse que você chegou  aqui com uma carinha muito mal. Você dormiu bem esta noite? Anda bem?
- Por acaso não preguei olho. Mas desculpe. Não devia afectar o meu trabalho. Não volta a acontecer.
- Eu sei que não. Agora vá almoçar e vá para casa descansar que bem precisa.
- Não há mesmo problema? Obrigado Sr. Gonçalo. E desculpe mais uma vez...

Despedi-me dos meninos, dos que estavam a trabalhar e fui para casa. 
Além do sono cheguei rápido, tentei ficar bem acordada até chegar a casa. Quando cheguei fiz apenas uma sandes e fui me deitar. Definitivamente precisava de dormir. 
Ainda cheguei a pensar em tudo. Se deveria ir ao jogo ou não, mas acabei por decidir nada. O sono apoderou-se de mim e adormeci agarrada à almofada. 

Ana Sousa*

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

10º Capitulo Parte II

Oláá :D Queria agradecer-vos pelas mais de 2000 visitas.. É muito bom ver que me vêm visitar xD
Este capitulo está pequeninho porque não tive tempo para muito mais. Peço desculpa. Mas assim que poder compenso. Se acharem este num nivel mais abaixo que os outros gostava que me dissessem. Porque também acho que esta. Foi feito muito á pressa e para não falar que hoje não estou nos meus melhores dias..
Beijinhos, espero que gostem..

(Visão de David)

Aqueles dois estavam na cozinha entre risinhos e senti-me a mais, por isso, vim para o jardim ter com a Ana.
Vinha a cantarolar quando vejo a Ana a se desequilibrar e cair na piscina. Aprecei-me em pegar nela e a deita-la numa espreguiçadeira.

- Você está bem? Se machucou? – Estava preocupado com ela. Vi que se tinha magoado e escondeu isso de mim.
- Sim, estou. Obrigad..a... –Ela estava toda encharcada embora continuasse linda. Começou a tremer cada vez mais.
- Você está morrendo de frio. Vem pa’ dentro vem.
 
Quando ia pegar nela, as nossas nucas se tocaram e ela ficou a olhar para mim. Senti-me um pouco envergonhado com aquela situação. Quando dei por mim ela tinha juntado os nossos lábios. Além de estar a tremer de frio, os seus lábios estavam quentes, o que me fez tremer. Ela rapidamente se arrependeu e soltou-se de mim. Pediu-me desculpa, e sem que me deixasse falar, foi-se embora.
Podia ter ir atrás dela, mas hesitei. Ainda não estava em mim com aquilo que tinha acontecido e da maneira como saiu da minha beira, estava arrependida e não queria falar comigo.

Não percebi porque ela me beijou, foi uma coisa de momento mas sei que ela mais tarde me irá explicar. Estava-me a sentir confuso, mas não estava arrependido. Ela não era simplesmente uma amiga, existia algo mais nela, mas que ainda não sabia explicar.
Por momentos ainda pensei na minha ex-namorada, ela não merecia que me lembrasse sequer dela, mas eu ameia, e me tinha custado muito deixa-la.
Pensei em mandar mensagem pra' ela mas não decidi nada pois os outros dois chegaram.

- Então? A Ana mano?
- Foi-se embora...
- Embora? Mas porque?
- Quando cheguei cá fora ela caiu na piscina. E como estava toda molhada e com frio foi-se embora.
- Ah? Mas ela está bem? Ela podia ter avisado!
- Acho que sim..

Ela não acreditou muito e via mandar mensagem. Devia ser para ela. Fiquei desanimado. Ela não devia estar bem. Eu não reagi ao beijo. Não estava à espera, mas também nem deu tempo...
Estivemos lá um pouco. Eles falavam para mim mas não estava pra' conversas. Ela e o beijo não me saiam da cabeça..
Acabei por ir embora mais cedo. Não só me estava a sentir a mais como a minha cabeça não estava com vontade de prolongar muito mais a aquela noite.

Despedi-me deles e fui para casa. Tomei um banho e ao tocar na água, meus pensamentos me fizeram ver ela cair na piscina tal como tinha acontecido.
"Porque é que ela me beijou?"  era a pergunta que fazia a mim próprio. Mas que não iria saber responder.

Deitei-me na cama, e não estava a conseguir dormir. Mas o cansaço se apoderou de mim e acabei por adormecer.
Ana Sousa*

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

10º Capitulo

- Diz. Passa-se alguma coisa David? - Estava cada vez mais nervosa com aquela aproximação.
- Voc… Nada não. Esqueça...
- Ok.

Com aquilo e, sem perceber bem porque, fiquei, não diria triste, mas desapontada. Afinal nem me tinha cumprimentado quando o fiz. Entramos no carro e seguimos para casa do Rúben. Estava-mos todos em silêncio até que o David começou a abrandar.

- Chegamos meninas.
- Woow.
- Fecha a boca Rita! – Quando o disse o David não se prendeu e riu-se.
- Vem, vamô entrando?
- Sim. Vamos lá.
- Sim..

Senti a Rita a ficar nervosa. E eu lá no fundo já estava á muito, mas não podia pensar nisso, pois já sabia para onde essa dimensão me levava.
Eles entraram e eu entrei em último. A Rita cumprimentou o Rúben assim como eu e o David.
Ela estava de queixo caído. Também era o ídolo dela. Não é todos os dias que se vai jantar a casa dele.

- Psst, não dês tanto nas vistas. Assim ele percebe. – Estava praticamente a sussurrar-lhe ao ouvido.
- Parva não digas asneiras. Estou normal…
- Claro, claro! Vê-se.
- E se fossemos comer? Estou a ficar com fome.
- É você e eu Rúben. Vamô meninas?
- Vamos.
- Sim…

O jantar estava a correr bem embora eu e o David estivéssemos um pouco calados. Ao contrário daqueles dois que já estavam no meio de risinhos.
Falou-se do jogo contra o Olhanense, de como o jantar estava bom, dos pais do David que partiam amanhã para o Brasil.
Já estávamos na sobremesa quando aqueles dois se aliaram para me lixarem a vida.

- Então Ana, não sei o que deste ao David mas depois de teres lá estado ele melhorou num instante... – Ele notava que me estava a sentir desconfortável e estava visivelmente a provocar-me.
- Decerto foi por isso mesmo. Por me ter ido embora… - o David olhava para mim com um ar confuso.
- Não diga bobagem. E manz ela foi uma boa amiga em me ter ajudado. – Aquele “boa amiga” tinha-me esclarecido muitas, não diria dúvidas, mas esperanças. Agora só não podia continuar a alimentar isto, sou apenas uma amiga para ele. Também quem me mandou pensar que poderia haver possibilidade.
- Estava na brincadeira. Eu sei que sim…
- E não sabem da missa a metade… - disse a Rita quase em sussurro com os olhos postos em mim e com um sorriso provocador.
- Ah?? – Disseram quase em uníssono.
- Rúben esquece. Onde é a casa de banho? – Ela tinha percebido que fiquei chateada e ela olhou para mim como a pedir desculpa.

Ele disse-me onde era a casa de banho e eu entrei. A verdade é que não fui para lá com intenção de a utilizar, mas sim para fugir aquela conversa. Já se tornava um hábito fugir às coisas, nem eu própria gostava, mas já não estava a aguentar estar a ouvi-los com a cabeça como estava. Mas já sabia que a Rita iria fazer questão de pegar nesse assunto quando estivéssemos sozinhas.
Também não me podia demorar muito, por isso, passei a cara por água e voltei á mesa.

- Ana, estávamos aqui a combinar. Já que vocês vão ver o jogo podiam vir para os camarotes. Aceitas?
- Por mim pode ser.
- Ainda bem porque eu já aceitei.
- E eu nem imaginava nem nada Tááh. – Riram-se todos.

Acabamos de jantar e fomos para o jardim ao pé da piscina. Estava-mos no inverno mas hoje o dia foi quente, assim como a noite também estava ser. A Rita dava-se bem com toda a gente e já estava a jogar no meio deles com uma bola que ela encontrou em algum lado.
Eles decidiram ir preparar umas bebidas e eu sentei-me numa das espreguiçadeiras que havia á volta da piscina.
Senti um arrepio e pus-me a pé para ir buscar o meu casaco. Ao mesmo tempo que me ponho a pé, ouço a voz do David, desequilibro-me e caio na piscina. Aleijei-me no pulso mas tentei não o mostrar. Ele veio logo a correr para me ajudar. Pegou em mim e pousou-me na espreguiçadeira.

- Você está bem? Se machucou? – estava com um olhar de preocupação que se notaria no outro lado da casa. Achei tão querido ele estar preocupado.
- Sim, estou. Obrigad..a... – Estava a começar a tremer pelo frio. Estava toda molhada.
- Você está morrendo de frio. Vem pa’ dentro vem.

Ao mesmo tempo que pronunciou estas palavras ia pegar em mim. Eu amarrei-me ao seu pescoço e as nossas nucas tocaram-se. Ele olhou-me e eu não pude ficar indiferente aquele desejo que me estava a consumir por dentro. Sentia a respiração dele perto da minha. E sem reflectir bem naquilo deixei-me levar pelo desejo que existia em mim e juntei os nossos lábios numa tentativa de me saciar. Senti os meus lábios contra os dele. Foi uma fracção de segundos pois soltei-o rapidamente.

- Desculpa David. Desculpa. Eu sei que não o deveria ter feito. Tenho que ir… - Ele olhava-me com um ar confuso demais. Eu não lhe dei hipótese para falar muito e pus-me a pé e comecei a correr.
- Ana…

Fui buscar o meu casaco e tentei apanhar um táxi. Estava a morrer de frio e com umas dores horríveis no pulso. A minha cabeça estava prestes a explodir. Porque raio fui eu fazer aquilo! Que estúpida…
Cheguei a casa e fui tomar um banho quente. Só queria esquecer aquilo de uma vez. Foi um erro, um erro que provavelmente me iria valer a amizade do David. Deitei-me na cama na tentativa de adormecer. Mas foi em vão.
Senti o meu telemóvel tremer. Era da Rita.

“ Olá Linda.
O David disse que tinhas caído á piscina e não quiseste ficar. Também não adiantou muito mais. Ele está esquisito. Passou-se algo? Estás bem?
Devo chegar da casa mais logo. Beijinhos Rita.”

Respondi-lhe para que não ficasse preocupada.

“Olá Tááh.
Desculpa não me ter despedido mas esta a morrer de frio.
Está tudo bem. Não te preocupes comigo.
Beijo Ana”

Aquilo não me saía da cabeça, e já sabia que mais tarde ou mais cedo ia ter que falar com o David, ou com a Rita sobre isto.
Todas as tentativas de adormecer estavam a ser em vão.
Fui á cozinha por gelo, aquelas dores estavam cada vez mais fortes.
Uns tempos de pois ouço a porta abrir e sabia que era ela. Não queria falar daquilo agora por isso deitei-me e fiz de conta que estava a dormir. Ela ainda veio espreitar ao quarto, mas quando me viu deitada foi-se deitar.
A verdade é que não iria dormir a noite toda e não sei como iria conseguir trabalhar amanha.
Como calculava passei a noite toda a pensar em tudo que tinha acontecido. Naquele pequeno beijo que me conseguiu levar á lua…

Como será que o David ficou?

Ana Sousa*

sábado, 15 de janeiro de 2011

9º Capitulo

Acordei com o despertador nuns altos berros. Estava cheia de sono. Levantei-me a muito custo e fui tomar um banho. Vesti uns corsários de ganga simples, uma camisola escura e um casaco verde.


Fui até á cozinha e a Rita já estava lá.

- Olá linda!
- Olá Tááh! Dormis-te bem?
- Pensava que me ia custar, mas adormeci logo! - disse com um sorriso maravilhoso e sentando-se na cadeira.
- Ainda bem! Huum, que cheirinho!
- Então come! 
- Sim madame! - sorri e peguei numa torrada e num sumo de laranja natural.

- Ó fofinha as 15:30h vou-te ajudar na loja sim?
- Já falamos disso! Só se eu te pagar!
- Ó Rita não é preciso! Eu trabalho na associação e os meus pais agora mandam sempre dinheiro..
- Já falamos disso! Ajudas, recebes!
- Oh, está bem tontinha.
- Olha tenho que ir. Levas-me hoje? Logo à tarde vou buscar o meu carrinho! 
- Claro, vamos!

A loja de decoração era dela, por isso abria e fechava a loja ás horas que queria. Não havia problemas com atrasos.

Saímos e ela levou-me até a associação. Já tinha saudades daqueles meninos, também já eram parte da família. Havia meninos de todas as idades. A associação tinha e fazia um pouco de tudo. Havia crianças mais debilitadas em que faziam fisioterapia, crianças que ficaram órfãs devido a acidentes e que são acolhidas por nós ficando a viver lá. Crianças que vão lá todos os dias para serem ajudadas a fazer certas coisas definidas devido ás suas dificuldades. Professores que se disponibilizam para ensinar crianças com deficiência mental, etc..
Eu trabalhava mais com as crianças que ficavam órfãs. Por vezes era como uma psicóloga outras como fisioterapeuta, mas sem formação. Tinha um carinho enorme por aquelas crianças, e elas retribuíam-no com todo o amor e respeito que conheciam.

Foi um dia de trabalho normal e até tinha acabado de chegar um novo menino á nossa instituição. Tinha os seus 7 anos, tinha caído de um prédio com bastantes andares, não tinha pai e a mãe tinha-o abandonado depois de saber que o filho iria ficar com certas debilitações. Isto matava-me por dentro e passei a tarde mais triste, mais repugnada! Como era capaz de alguém fazer isto ao próprio filho?! 

Saí do trabalho e apanhei um táxi até ao stand onde estaria o meu carro. Tratei das ultimas coisas e fui em direcção á loja da Tááh.

- Olá.
- Olá tontinha. Que se passa?
- Nada Tááh, só mais uma pessoa que não tem coração e que só pensam nelas...
- Já percebi. Conta lá o que se passa.

Contei-lhe a história que se tinha passado e ela tal como eu ficou repugnada. Passamos o resto do tempo a atender clientes, a tratar de encomendas, a arrumar caixas e claro, e por entre conversas a palavra "David" não podia ter ficado esquecida naquela mente..
Falamos no jantar de logo, falamos no jogo de amanhã...

- Então tontinha, já te preparas-te mentalmente para conhecer o Rúben Amorim? - disse no gozo com ela
- E tu, já pensas-te no momento em que o vais beijar? - fiquei um pouco chateada com aquela insinuação. Afinal ela sabia o quanto estava confusa, e estava a gozar com uma coisa que ela própria sabia que me poderia fazer sofrer se continuasse a alimentar aquilo que ia dentro de mim.
- Óh Rita cala-te! Não sabes o que dizes!
- Não? Vais me dizer que não gostas dele? Que não o queres beijar?! Estás a ser burra! Estás a fugir só porque tens medo que te magoem. O passado é passado, e ... - não a deixei acabar.
- Pára com isso! Ele não quer nada comigo Rita! E eu não o amo! E não, não estou a ser burra! Estou a ser realista!  
- Não! Tu não o queres amar é diferente! E estas a ser burra sim. Estas a fugir com essas duas pernas que tens! Eu conheço-te Ana. - Nem consegui dizer nada, estava tão nervosa e chateada. Peguei nas minhas coisas e saí sem ela ter oportunidade falar. Mas ainda ouvi um "Ana".

Peguei no carro e só parei em frente ás piscinas. Não tinha nada comigo, mas eles emprestaram-me. Vesti o fato de banho num ápice e saltei para a piscina. Deixei-me ficar o máximo tempo que conseguira debaixo de água. Estava tão confusa, e aquela era uma maneira de me acalmar. O ficar de baixo de água, com um azul claro por toda a parte, aquele silencio que existia dentro de água, tudo me fazia pensar e acalmar. Voltei à superfície já com alguma irregularidade  na respiração. 
Tinha sido estúpida com a Rita. Ela não disse nada de mais. Disse a verdade, e eu com o medo que tinha, só me enervei.

Quando dei por mim já eram 18 horas. Já estava atrasada, tinha que me despachar.
Depois de sair da piscina, vesti-me e fui para casa. Não tardei em chegar.
Quando cheguei a Rita estava a minha espera. 

- Desculpa Rita. Fui estúpida.
- Eu percebi que estavas enervada. Também não devia ter dito aquilo assim. - Abraceia com força. Não conseguia estar longe dela.
- Oupa mas agora vamo-nos arranjar senão ele fica a apanhar seca.
- Sim é melhor. Ajudas-me a escolher a roupa Tááh?
- Claro! E tu vais ajudar-me também.

Fomos as duas tomar banho.
Eu estava a sair da casa de banho e ela já me esperava no meu quarto. 
- Abre aí o armário. Para vermos.
- Na, na, na. Já escolhi o que vais levar. - disse apontando para a cama.
- Estás parva! Não vou levar isso! É só um jantar, é exagerado.
- Não é nada. Vais vestir e mais nada. Agora anda comigo.

Ela tinha me escolhido um vestido pelo joelho. Eu adorava-o, mas para aquela ocasião era um pouco exagerado. 
Fomos até ao quarto dela. Abri o armário e escolhi um vestido também para ficarmos quites.

- Este. 
- Huum... Está bem, pronto. Foi bem feita para mim. - disse-me com perfeita consciencia que o tinha escolhido só por ter feito o mesmo comigo.

Vestido da Ana

Vestido da Rita

Acabamos de nos arranjar e senti o meu telemóvel a tremer. Era do David.

"Olá Ana :)
Tô cá em baixo. Estão ficando prontas? 
Beijo David"

Não respondi e descemos as duas. 
Ele estava perfeito. Com uma camisola azul clara, umas calças de ganga e umas sapatilhas da nike.
Olhei-o de cima a baixo, e não conseguia parar de olhar para ele. 

- Vê lá se acordas, e se te mexes! - disse-me ela baixinho e dando-me uma cotovelada para acordar.

Estava como uma estátua a olhar para ele. Aqueles olhos, aquele sorriso.. Senti-me a perder o controlo.
Quando reparei ele estava com os olhos focados em mim, também não se mexia. Senti-me incomodada, eu sabia que tinha exagerado. 

- Olá David. Vamos? - disse dando-lhe um beijo na bochecha.

A Rita já tinha entrado no carro, e o David não me respondeu. Virei-me para o carro e senti a amarrarem-me pelo braço. Era ele, e estava com medo com o que ele pudesse dizer..

- Espere...
Ana Sousa*