4º capitulo

Embora fosse benfiquista ferranha, não era uma fã obcecada por ele ou por qualquer   outro, mas foi nele, na sua história de vida, na sua vontade e na sua força que consegui ultrapassar algumas fazes da minha vida e a lutar pelos meus sonhos. Ele transmitia força ás pessoas simplesmente com as suas palavras.
A cada minuto que passava estava mais nervosa. Sentei-me num banco e acho que me passou tudo pela cabeça. Se estava bem vestida, se ele iria gostar da tarde, se aquilo iria correr mal, se iria fazer figuras tristes, que aquilo não passava daquilo, de um café..

Dez minutos depois avistei o seu  Q7. Ele estacionou e veio ter comigo. Acho que fiquei vermelha que nem um tomate e tentei esconder por entre o cabelo.

- Oi!

- Olá - disse enquanto me dava um beijo na bochecha. Senti a cara dele quente e lisa contra a minha. Eu estremeci, ele notou e riu-se.

- Vamô?

- Sim.

- Tem algum em mente ou posso escolher?

- Acho que é melhor seres tu. - disse a sorrir

Entramos no carro e ele não disse para onde íamos. De repente começou a sorrir.

- Estas-te a rir sozinho? Ou é de mim?

- Não diga bobagem Ana. Só me estava lembrando de como você e a minha mãe se deram bem e até mandavam piadas de mim...

- A tua mãe é uma senhora muito querida e simpática. Gostei muito dela sabes? Por isso é que me senti mais à vontade com ela, caso não fosse não faria isso. Nota-se que é humilde e sincera, é muito bonita e vê-se que te ama. Deves ter muito orgulho nela. E sinceramente, pelo que vejo e conheço de ti, és igual. Sincero, humilde, simpático, já para não falar que és muito bonito. - Corei, nem sei como disse aquilo assim. Parecia que com ele as palavras da minha boca fluíam sem sequer fazer esforço para falar. Ele não devia estar à espera daquela resposta, e com estas palavras notei o brilho nos seus olhos..

- Sim, tenho muito orgulho nela, ela é muito importante na minha vida! E é graças a ti que ainda a tenho comigo.

- Que exagero David. Eu fiz o que tinha de fazer! E não fiz nada obrigada, por isso não fales mais nisso sim?

- Ta bom! Mas obriga...

- Shiiu!

- Desculpe. - sorriu. - Chegamos! Vamô?

- Sim..

Entramos no café e ele dirigiu-se ao empregado enquanto eu admirava aquele sítio. Nem parecia um café. Era simples mas com um toque especial e muito bonito.Estava quase vazio o que me agradou. Não é todos os dias que se toma café com o David Luiz!

Ele fez-me sinal e dirigimo-nos para o fundo do café.

- Então gosta?

- Sim, é muito bonito! Não conhecia..

- Ainda bem que gosta. Que vai querer?- perguntou-me quando viu o empregado a vir em direcção a nós.

- Um sumo de manga

- Eram dois por favor.

Estava-mos os dois calados, e o nervosismo instalava-se em mim, o que me fez sentir as pernas tremer e encolhi-me. Ele quebrou o silencio.

- Tá com frio Ana?

- Não, foi só um arrepio.

- Fala de você para mim. É daqui de Lisboa?

- Eu era de Leiria. Mas o meu sonho sempre foi vir para Lisboa e ter a minha própria vida. E como não pude entrar na universidade vim trabalhar para cá à 4 meses. E hoje acho que estou muito mais realizada. Lisboa faz-me bem.

- Fez bem seguir seus sonhos. Sei bem o que isso é. Por vezes é duro, mas compensa.

- Sim, mas a tua história de vida é diferente, é muito mais impressionante e muito mais difícil de se realizar. Mas acho que mesmo que agora não fosse feliz, não me arrependeria de o ter tentado. Mas também tive os verdadeiros amigos que estiveram sempre do meu lado a dar força. - Não lhe iria dizer que ele era uma pessoa que me deu força pelo que era e pelo que lutou para conseguir aquilo que tinha. Ainda pensava que estava a escovar, ou mesmo a atirar-me a ele. Mas a verdade é que dava! Não o conhecia, mas a imagem que ele transmitia dizia tudo. Era um homem tão humilde.

- Sim, não foi fácil mas com esforço tudo se consegue! - sorriu-me - Porque não continuou a estudar? - disse enquanto o empregado pousava os sumos.

- A minha família nunca foi de ter muito dinheiro, mas não era isso que atrapalhava. Mas depois a minha mãe adoeceu e ganhou cancro e as coisas complicaram para pagar os tratamentos. Por isso pus de parte o meu estudo e decidi vir trabalhar para ajudar os meus pais e eles não me terem que sustentar. Agora está tudo mais fácil e calmo, trabalho no que me faz sentir bem. Mais tarde talvez continue a estudar.

- Foi um acto de muito amor para com seus pais. Eles devem ter muito orgulho em você.

- Não posso dizer que não. Eles sempre me apoiaram. Mas não vamos falar de mim só de mim.

Olhei-o intensamente e sorri. Aquele olhar fazia com que os meus olhos se fixassem em cada traço do seu rosto. Tinha medo do que aquilo podia significar, mas sentia uma certa necessidade de o olhar, de o observar. Rezava para que tudo fosse ilusão, que aquela atracção não existisse, caso contrario habilitava-me a sofrer. Não pensava que poderia ter algo com ele, afinal era o David Luiz, mas tinha medo do que eu poderia vir a sentir.

- Tem um sorriso lindo sabia? - fiquei estática. Corei e fiquei a olhar para ele..

- O teu também é, muito. Já nem falo nos caracóis, tens fãs malucas por eles.

- Que foi? Queres fazer alguma pergunta?

- Nada esquece. Vamô dar uma volta?

- Por mim é na boa.

Depois de uma discussão perdida sobre quem pagava. Dirigiu-se ao empregado, pagou e saímos.

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Demos uma volta a pé por ali, conversamos mais um bocado sobre nós, contei-lhe em que é que trabalhava, falamos dos nossos amigos mais íntimos, dos treinos e jogos que ele tinha, do nosso bonito clube, entre outras coisas.

Estava a ficar tarde e voltamos para a beira do carro. Ele insistiu em me levar a casa e eu aceitei.

Quando chegamos saímos os dois, ele deu a volta ao carro e veio ter ao meu encontro.

- Obrigada pela tarde David.

- Obrigada eu por tudo!

- Já combinamos não agradeceres mais por isso

- Tá bom.. Bem é melhor ir

- Sim, vai lá.

Deu-me um beijo na bochecha e foi embora. Não conseguia evitar o sorriso estúpido. Estava feliz.

Subi e deitei-me no sofá a ver televisão. Não conseguia parar de pensar em tudo. Aquilo não me saía da cabeça. Fui tomar banho para ver se relaxava. Vesti logo o pijama, estava cansada.

Estava na hora de jantar, mas não tinha muita fome. Fiz uma salada e uma sandes e comi. Fui para o quarto e ouvi o som do telemóvel. Era uma mensagem.

"Olá Ana. Foi uma tarde muito gostosa! Seu sorriso é lindo. :)
Beijo, David Luiz" 

Comecei a sorrir feita parva para o telemóvel. Respondi logo.


"Olá David! Também gostei muito desta tarde. 
Cuida desses caracóis :D
Beijo Ana" 


"Ainda bem que gostou.
Claro que cuido ;)
Bem vou descansar. Beijo"
 
Deixei-me cair na cama a sorrir. Seria aquilo possível? Estava a acontecer tudo ao mesmo tempo.. E foi assim que adormeci. A pensar nele...

Ana Sousa*