quarta-feira, 31 de agosto de 2011

35º Capítulo - Aniversário (Parte II)



(David)




Ai como estava precisando de cometer mais umas valentes horas de sono, que me fizesse acalmar os ânimos e me deixasse como novo depois de mais um dia de treinos. Mas este não vinha. Embora o cansaço estivesse já alastrado por todos os recantos do meu corpo, este parecia ser destruído a cada minuto que passava.
Os treinos têm sido cada vez mais pesados e isso tem se ressentido nos meus músculos que pareciam permanecer tensos e incomodados com todo o esforço que exerciam. Não que já não estivesse habituado mas, talvez seja, pelas horas que deixei por dormir estes dias.
Amanhã a minha Ná fazia anos e, além de o saber, teria que o ocultar, uma vez que esta pedira silêncio a Rita. Ela não gostava que se soubesse pois para ela, era apenas mais um dia de consumismo exagerado. Porem, Rita não hesitou em nos dizer e preparávamo-nos para fazer uma pequena festa, que desde o inicio, se combinara ser em casa de Rúben.
As minhas pálpebras já cansadas, deixaram-se embalar pela escuridão em que o quarto permanecia já á algumas horas e acabei por adormecer com uma doce e alegre canção brasileira no pensamento.

Assim que despertei, as minhas pupilas contraíram-se de imediato ao constatar a luz natural de mais um dia. O dia da minha bebé. Queria desarmar-me e desejar-lhe os parabéns pelos seus vinte anos. Queria estar com ela, queria abraça-la, beija-la, poder dizer que este seria o primeiro de muitos aniversários que iríamos passar juntos, queria e desejava vê-la. Mas não dava. Teria de fingir, ocultar e deixar que a vontade não vencesse tudo e me levasse a jogar nos seus braços. Contudo, não resisti em mandar-lhe uma mensagem ao qual ela não respondeu mas, retribuiu com uma chamada.
Meu coração disparou assim que ouvi a sua voz, e a vontade de ir ter com ela voltara de imediato. Ele próprio, foi mingando que nem uma vela ardendo, ao solicitar a tristeza na sua voz por inventar uma desculpa que me desse tempo para ajudar nos preparativos, para tratar da sua prenda, impedindo-me de estar com ela.
Convidei-a para jantar comigo a fim de, sem ela sabe, levá ela para casa do Rúben e assim curtir do seu aniversário.
Tinha tanta saudade, desde quinta-feira que não estou com ela, são três dias sem provar daqueles doces beijos que ela tanto me enchia e me preenchia o coração. Quanto mais pensava, mais a saudade batia forte.

Ontem, quando o sol ainda raiava no céu, fiquei de ir buscar á estação de comboios, aquilo que seria uma surpresa boa para ela. O Sr. José, seu pai.
Além de ter sido eu, com a ajuda da Rita, a contacta-lo, e a ir busca-lo, este ficou dormindo na casa do Rúben para não correr riscos que a minha donzela o visse antes do previsto. Já o havia conhecido antes, embora de forma rápida e num momento pouco agradável que foi o funeral da sua querida esposa. Ontem tive oportunidade de me apresentar decentemente e ficar a conhecer melhor aquele que seria, talvez, o meu futuro sogro. Mas, além disso, apresentei-me como um bom amigo dela pois havíamos combinado que ainda seria cedo admitir perante toda a gente que namorávamos.

Depois de um banho tomado, vestir uma roupa, e claro, arranjar os caracóis, desci o prédio ainda com a carteira na mão e a chaves do carro na outra, que tilintavam a cada escada que “saltava” numas passadas mais rápidas.
Cheguei rapidamente a casa do Rúben e, depois de este me abrir o portão, meti o carro dentro da sua garagem.

(Rúben)

Assim que acabei de me vestir segui em direcção à cozinha onde me deparei com o pai da Ana acabando de falar com ela.

- Bom dia Sr. José. – Além de não o conhecer bem, era o pai da minha querida amiga Ana, e isso bastava para o acolher bem na minha casa.

- Bom dia Rúben Amorim.

- Então? Deixe o Amorim de lado. Trate-me apenas por Rúben.

- Desculpa rapaz, é o hábito. – Sorriu.

- Desculpe ‘tar a perguntar mas ‘tava a falar com a Ana?

- Estava. Tinha que lhe dar os parabéns, não é verdade?

- Pois, claro. Mas não lhe disse que estava cá pois não?

- Claro que não. O que é surpresa, é surpresa.

Sorri. – Acho que ela ainda nos vai mandar um raspanete dos bons.

Ele gargalhou. – A minha filha é muito teimosa, não gosta nada que gastem dinheiro com ela nestas coisas. Nem sei como ela vos contou que fazia anos.

- Ah pois. Isso é o que você ainda não sabe. Ela não contou. Por isso acho que ela vai puxar as orelhas á Rita.

- Ai foi a Ritinha que vos contou? E ela não sabe que vocês sabem?

- Isso mesmo. – Confirmei.

- Ela que se prepare. – Gargalhou de novo.

- Não se preocupe que a sua filha não vai ser acusada de nenhum crime porque eu não deixo que ela desfaça a Ritinha. – Sorri ao pensar nela e fui por o pequeno-almoço na mesa.

- Vocês jovens, são tão transparentes…

- Desculpe, não percebi o que quis dizer…. – Voltei a sentar-me na mesa junto dele.

- Sabes Rúben, basta ver o brilho nos teus olhos para ver que gostas dela.

- Da sua filha? Claro que gosto. Criamos uma grande amizade. A sua filha é cinco estrelas.

Ele sorriu, de cabeça baixa enquanto mexia o café. – Não Rúben, não estava a falar da minha filha.

- Então Sr. José? – Perguntei confuso.

- A Ritinha rapaz, tu gostas dela não gostas?

Esta pergunta apanhou-me despercebido e confesso que o sangue que me preenchia as veias, aglomerou-se junto das minhas maças do rosto, deixando-as rosadas.

- Pois gosto Sr. José. Gosto mesmo!

- Logo via. Espero que tenhas sorte, ela não é muito fácil.

- Não se preocupe. Porque também já não tenho que me preocupar com isso. – Sorri.

- Então?

- Nós namoramos… - Confessei.

- Parabéns rapaz! Ela é uma boa rapariga. Não a deixes fugir.

- Farei os possíveis para isso não acontecer.

Assim que acabamos de comer, arrumamos os dois a cozinha e ficamos a conversar.

- Bem, o David vem cá almoçar hoje. Você importasse?

- Eu não tenho que me importar rapaz. A casa é tua.

- Pois, mas você poderia não achar graça a isso.

- Não me importo nada Rúben. Como já disse a casa é tua, tu convidas quem queres, e eu não tenho nada contra o David.

- Pronto, não pergunto mais nada. – Gargalhei.

***

- Então mano, tudo bem? – Dei-lhe um passa bem e uma palmada nas costas.

- Tudo manz. E com você?

- Também, entra.

- Bom dia Sr. José. – Cumprimentou-o também com um aperto de mão e começou assim um diálogo amigável.

- Bom dia David. Estás bom rapaz?

- Estou sim e você?

- Também, vai se andando como se pode.

- É verdade…

Estava-mos os três na conversa quando me lembro de desafia-los para uma partidinha de Playstation. David tal como o Sr. José aceitaram e, para meu espanto e do David, ele acabou por ganhar.
Decidimos comprar alguma coisa para comer em vez de irmos fazer e acabei por ir buscar, a pé, a um restaurante aqui ao lado, um arroz de pato delicioso.
Demorei pouco mais de quinze minutos e quando cheguei, vi David e Sr. José a acabar de por a mesa.

- Cá está um arroz de pato prontinho a comer!

- Ai que isto me vai saber tão bem manz.

- Oh Sr. José, acho melhor você tirar já, senão quando der por ela, aquele cara de cu já comeu tudo.

- Hey, não liga p’ra ele não. Tem que ter é cuidado com esse daí. Ele sim devora tudo que nem um leão.

- Preocupem-se vocês, que eu também não como pouco.

Ri-mos os três e começamos a refeição. A conversa foi predominantemente futebol mas já quando estávamos a acabar, o assunto da festa voltou.

- Então como é que vocês estão a pensar traze-la cá sem que ela desconfie?

- A Rita ficou de passar o dia com ela, e pelo que me disse á pouco, elas devem ir ao cinema e assim. Coisas de mulheres. – Ri-mos e David continuou.

- E mais logo, eu vou pegá ela lá em casa para jantar fora. – Disse David um pouco a medo que ele desconfiasse da sua cumplicidade para com a filha. – E depois digo que tenho que vir cá casa pró Rúben me entregá uma coisa.

- Bem pensado, sim senhor…. Mas David, vais jantar só com ela? – Perguntou num tom “desafiador”.

- Sim, vou. – Disse a medo.

- Hum, ok então. – Tentou não se rir, e foi aí que vi que o Sr. José percebia mais do que o que dizia. Tal como percebeu que havia algo entre mim e a Rita.

***

- Bem, tenho que ir buscar o presente da Ana. – Disse David antes de começarmos a passar as coisas para a sala de bilhar. – Eu venho já dar uma ajudada, ‘tá bom manz?

- Vai lá, eu faço isto rapidinho também. A decoração é mais quando a Andreia chegar.

- Ok manz. Até logo… Até logo Sr. José.

- Até logo rapaz…

***

- Desculpa Rúben, mas elas encontraram-me no Colombo e só pude vir agora. – Confessava a Andreia.

- Eu já te ia ligar pá, mas tem lá calma. Já está quase tudo feito. Nós os três desenrascamo-nos.

- Nós os três?

- Sim, eu o David, e o Pai da Ana.

- Oh, desculpe. Nem o vi. – Desculpou-se assim que viu o pai da Ana. – Andreia, prazer. – Disse ao o cumprimentar com dois beijinhos.

- José, e o prazer é todo meu.

- Bem Rúben, passei agora pelo David à entrada, ele ia buscar a Ana?

-Yup. Por isso ainda temos tempo para tudo.

***

(Ana)

Cada escada que descia, cada balanço que dava para a frente, trazia consigo a saudade e a vontade de o abraçar fortemente. De me deixar ficar nos seus braços uma eternidade e não o largar nunca mais.
Foi já quando o avistei, encostado ao seu Audi Q7, com o seu sorriso tão característico e delicioso, envergando umas calças de ganga escuras e uma camisola branca, que parei e fiquei a olhar para aquilo que me deixava tão, mas tão feliz. Assim que me viu, veio ao meu encontro a passadas largas e eu, sem lhe dar tempo de respirar, envolvi-o num abraço longo.

- Oh meu amô, tou morrendo de saudades suas!

- Eu também Davi’… Eu também. – Deixei acalmar o meu coração.

- Vamô p’ra dentro do carro, ‘tamô mais a vontade.

Assim que entrei, enganchei-me nele que nem uma miúda pequenina que só quer os miminhos de quem lhe é tão querido. Olhei-o nos olhos e beijei-o. Um beijo que só veio adocicar o meu coração, e o preencheu de sentimento que sabia ser forte e mutuo. Queria conseguir acalmar o compasso a que o meu coração palpitava depois de um beijo cheio de saudade, um beijo intenso e duradouro.

- Amo-te! – Proferi ainda extasiada.

- Eu também pequenina. – Vi os seus olhos brilharem. - Vamô nessa?

- Vamô moleque. – Imitei-o e voltei a beija-lo.

***

- Ai Davi’, é lindo!

- Cê gosta?

- Adoro, meu amor!

- Então venha, vamô jantar! – Beijou-me a bochecha, enquanto permanecia especada a olhar para a paisagem que abrangiam o mar e onde, num lugar mais recatado, se podia verificar uma mesa para duas pessoas á luz das pequenas velas que rodeavam a linha que separava o areal, da madeira escura e usada que nos encaminhava para o restaurante.

- Porque é que te deste ao trabalho de fazer isto? – Perguntei indignada, pensando que alguma vez poderia desconfiar ser o meu aniversário.

- Tinha de compensar você por não lhe ter dado atenção estes dias, meu anjo. – Esclareceu-me com um sorriso nos lábios, acabando com quaisquer dúvidas existentes na minha cabeça.

- Não precisavas amor…

- Precisava sim!

- Assim vou ficar mal habituada.

- Se cê ficá, não faz mal não. Cê também me deixa mau’ habituado com tanto mimo.

- Ai não gostas é? – Fiz cara de mazinha.

- Eu não gosto, eu amo!

- Tonto…

- Cê vai querer jantar o quê?

- Escolhe tu amor…

- Bacalhau com natas, pode sé?

- Pode. – Sorri voltando a observar o horizonte que se exibia escuro.

David chamou o empregado que permanecia só a nosso dispor e fez com que nos servisse o jantar. O restaurante era também magnífico, este conferia-nos uma leve música de fundo, que tornava o momento ainda mais agradável e romântico.
O meu pensamento voava até o outro lado da mesa, onde permanecia David, com aquele tão seu característico sorriso que me transmitia todo o tipo de felicidade e familiaridade. O seu olhar fazia-me teletransportar para um mundo só nosso, um mundo onde via que bastava nós querermos, bastava jogarmos a bola p’ra frente para podermos atingir a baliza da felicidade. Juntos! Estava envolvida na minha própria realidade, na minha própria felicidade e isso tornava tudo mais confortável, mais emocionante e um tanto excitante. Queria poder alcançar tudo do lado dele, nem que o tivesse de seguir até aos derradeiros e conflituosos confins do mundo, e assim poder transformar um pedaço de sonho, numa simples e feliz realidade.

- David… - Invoquei-o durante o jantar, fazendo com que ele me conferisse mais um pedaço da sua atenção.

- Sim, meu anjo.

- Tens noção do quão me deixas feliz e orgulhosa?

- Eu… - Reparei que não se encontrava a espera destas minhas palavras, o que o fez ficar admirado e um tanto sem palavras para me responder.

- És sempre tão querido, tão sincero, tão romântico… És sempre tão humano David. És sempre tão tu! E isso deixa-me visivelmente orgulhosa de ti. Deixa-me extremamente feliz por saber que ainda há pessoas assim e que tive a sorte de te poder encontrar na minha vida. Eu! Que sou apenas uma rapariga igual a tantas outras desconhecidas.

- Vem cá, vem! – Chamou-me emocionalmente de braços abertos e pronto a ceder-me o seu colo para que o pudesse abraçar. – Eu sou apenas eu, no meu estado normal. E você, você é muito mais do que pensa. Muito mais do que uma igual a tantas outras… Você é a mulher que eu amo! A mulhé com quem eu quero ficá! – Beijou-me assim que verificou não estar ninguém.

- Ai Davi’, parece que estou a viver um sonho!

- Um sonho bem real garota.

- Sim, bem real. – Sorri que nem uma “boba”.

***

- Me deixa encher você de beijos? – Sussurrava-me de queixo pousado no meu ombro, enquanto perscrutávamos a bela paisagem que se encontrava à nossa frente, embalados pelo compasso uníssono do bater dos nossos corações, e pela brisa refrescantemente inebriante que cada onda arrebatada trazia consigo ao embater contra os rochedos pequenos e brilhantes numa noite verdadeiramente “luminosa”.

- Deixo. Claro que deixo! – Sussurrei também, bem junto dos seus lábios, onde a respiração quente de David me embatia no canto da boca, provocando em mim uma vontade imensa de o beijar.

Os seus beijos repenicados no meu pescoço eram constantes até que, um beijo mais calmo e húmido envolveu a minha bochecha esquerda deixando-a assim à mercê da brisa envolvente, para que esta me provocasse uma sensação de arrefecimento local.
Outro beijo no canto da boca, fez com que o meu corpo se ressentisse e estremecesse de uma ponta à outra, provocando assim a vasoconstrição dos meus pelos.
Não resisti e acabei mesmo por me virar, amarrando-me na cintura delicadamente, fez-me deitar na areia por baixo dele, para de seguida explorar a minha boca com um beijo apaixonado, onde ambas as línguas balançavam por recantos já passados, e tão cedo nunca esquecidos… Pelo menos, pensávamos nós.

Espero que gostem. Assim que poder posto a terceira parte do capítulo.
Estou um bocadinho triste pelos muito poucos comentários  que recebi no capitulo anterior, pois dá a entender que não estão  a gostar. Boa ou má, deixem a vossa opinião para que possa melhorar.
Beijinhos, Ana Sousa 

8 comentários:

  1. obviamente que quero o proximo e espero que seja rapidinho :P
    continua
    beijinhos

    http://umanovadefinicaodeamor.blogspot.com/

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  2. Adorei, adorei.
    LINDO LINDO LINDO LINDO.
    Quero mais rapidinho :b

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  3. Então mas isto acaba logo na melhor parte???

    Quero esta festa :D Cá para mim ainda vai dar que falar LOOL

    Ai o pai dela que não deixa escapar nada LOL

    Continua

    Fico à espera do próximo

    Bjs

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  4. Isto é lá maneira de se acabar um capítulo! :o

    Não há direito mesmo, mas é que não há mesmo, minha linda! :b
    Mais uma vez adorei, pois fiquei presa á história e à tua escrita inebriantemente encantadora!
    Quero mais, querida :)
    Beijinhos ^^

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  5. fantastico...

    quero mais... agora tou curiosa para saber a reacçao dela perante a festa...

    continua...

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  6. Actualizei-me e adorei, como sempre! :)
    Continua! Beijinho *

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  7. ; taaa lindoo (;
    ; continuaaa , quero o proximoooo rapido *

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  8. Olá Ana :) finalmente consegui ler a tua fic toda e gostei muito. Parabéns, escreves muito bem e estou a adorar o teu trabalho.
    Beijinhos.
    http://cityofdreamscityoflove.blogspot.com/

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