domingo, 9 de outubro de 2011

36º Capítulo - Calha assim (Parte I)



Era mágico e estrondosamente alucinante a forma como a felicidade lhe encaixava perfeitamente em cada pedaço de si e, ao som de uma música cujo timbre de voz devidamente alegre pelo qual era interpretada, a fazia esvoaçar tal e qual a sua saia, num rodopio e num vai-e-vem divertidíssimo nos braços de David, com um sorriso brilhantemente encantador. Estava a ser sem dúvida um dia feliz, ao lado de muitos daqueles que em pouco tempo se haviam tornado grandes amigos.
Distribuídos pelo espaço existente, todos dançavam alegremente e, até aqueles mais pé de chumbo, não se inibiram de se divertirem ao som do nosso DJ improvisado, Javi, e onde se fazia acompanhar por Rúben, tentado mostrar um pouco dos seus dotes para a música.
Ana, que até então permanecia nos braços de David, arrecadou os braços do pai, onde havia permanecido Rita, bem divertida com o seu “tio” e que acabou por ir ao encontro de David para mais uma dança.

- Ouvi dizé que cê anda enrolada com a Ná… - Proferia David com um sorriso travesso dirigido a Rita, onde a permitiu perceber que tal já saberia do sucedido no cinema. – Vai, me conta caraca! Se anda enrolada com a minha miúda? – Falava David entre risos, depois de Rita lhe ter presenciado com uma bela gargalhada.

- Desculpa David, aconteceu… - Tentava manter uma postura séria, embora estivesse a dançar feita uma maluca, como toda a gente. – É difícil quando descobrimos o que somos! – Fez-lhe um ar suplicante. – Não te zangues David.

- Cês vivem juntas ‘tá bom? Como quer que não zangue com você? Sei lá que anda fazendo com ela à noite! – Estava difícil falar sem se rirem.

- Não te vou falar da minha vida sexual! – Depois de ter proferido tal coisa, David tentou fazer uma cara de zangado, mas acabaram os dois a rir que nem dois parvos.

- Olá amor…, outra vez. – Disse-lhe Ana, ao voltar para os braços de David.

- Olá meu amô! – Retribuiu-lhe o sorriso à qual teimava em não tirar do rosto e ainda lhe beijou a bochecha carinhosamente.


***

- Hey manz, cê viu a Ana? – Perguntava David a Rúben, sempre atento e preocupado, abarcando com o olhar toda a periferia da sala - devidamente decorada – acabando por conferir a sua ausência naquele local.

- Não, não vi… - Respondeu, saltando também a sala com o olhar e, para desgosto de David, dando-lhe resposta negativa.

- Vou ver dela então. Até já manz! – Presenciou-lhe com um sorriso à qual o seu tão confidente amigo sabia decifrar, convergindo até ao piso superior em passadas divertidas e, num acto de pura normalidade, foi contando as escadas circulares que pisava.

A sala estava vazia e em silêncio, onde se podia ouvir apenas o zumbido imparável da música vinda de baixo e saborear o cheiro a alfazema oriunda do ambientador que Rúben costumava usar. Aquele cheiro fazia-lhe recordar todos os momentos vividos com Rúben ali, todas as suas brincadeiras e divertimentos que ambos presenciaram como um bom par de melhores amigos. Apenas isso fazia com que David soltasse um sorriso.

Com os seus caracóis saltitantes e devidamente arranjados, procurou-a nas diversas partes da casa onde ela poderia estar, mas não a encontrou. Foi só ao cruzar a porta envidraçada da sala que a encontrou, sentada num dos bancos de jardim com o joelhos junto ao peito, saboreando um apetitoso chupa chups de morango, que lhe conferia um ar de menina, escondendo os anos a mais que aparentava ter.

- Cê quer partilhar um bocadinho com este garoto guloso? – Brincou, sentando-se ao seu lado e brindando-lhe com um sorriso amigável.

- É de morango, gostas? – Perguntou-lhe agitando levemente o chupa no ar, de forma a ele o ver.

- Uhh, hum… - Agitou simplesmente em forma positiva com a cabeça e fazendo o som típico de acompanhamento.

Ana juntou-se mais a ele esticando-lhe o chupa e, quando David se preparava para o meter à boca, ela puxa-o e beija-o.

- É bom? – Inquiriu a rir-se perante a pequena brincadeira que levou os dois a colocar um sorriso bonito por algo tão inesperado da parte de David.

- Melhor do que eu pensava! – Falava David, amarrando-lhe as costas e deixando-a encostada ao seu tronco e de costas para ele.

- Toma amor! – Ana passou-lhe o chupa, que à momentos atrás tirara da cestinha da mesa.

- Que cê veio fazer cá p’ra fora amô? ‘Tá todo mundo lá dentro.

- Vim só apanhar ar amor… - Desejava não deixar cair o seu lado mais fraco, que a levava a querer isolar-se de tudo, para que tudo passasse mais depressa.

Embora tivesse a mais perfeita noção que nem sempre era assim, que nem tudo corre da mesma forma que um relógio de parede, algo mais forte do que o saber, a levava a fazer o mesmo, vezes e vezes sem conta, esperando que, por um simples momento, se conseguisse proteger e fortalecer para mais um dia, mais uns tempos.

- Cê me quer enganá? – Interrogava David numa pergunta retórica, conhecendo já tão bem a sua namorada. – Vá, me conta. O que ‘tá preocupando esse coraçãozinho?

- Já me conheces tão bem, né? – David afirmou positivamente com a cabeça, esclarecendo-a do que lá no fundo já sabia. Não adiantava fingir. – Não é preocupação… é saudade.

- Saudade? Da mamãe amor? – David apertava-a ainda mais para junto de si, assim que percebeu o que seria a resposta, para lhe dar conforto.

- Sim... – Tentava conter nas palavras, a dor pontiaguda que lhe pendia no coração ao recordar todo os momentos com a mãe, deixando sempre um enorme rasto de saudade. – Saudade da mamãe…

- Oh meu anjo, cê tem que ser muito forte! Não pode baixar a cabeça… - David tentava apoia-la, acariciando-lhe o rosto, e rezando a si mesmo para que ela não deixasse descair uma lágrima, que lhe destroçaria o coração. – Passou pouco tempo amô, normal que não seja fácil p’ra você. Mas eu, a Tááh, o Rúben, o Paulo, vamô ‘tar cá p’ra a apoiar!

- Eu sei… eu sei. – Respirou fundo para acalmar o seu doloroso coração, e conter as lágrimas que já sentia à superfície dos seus olhos esverdeados que tentavam a todo o custo, serem libertadas para a sua face, naquele momento ebúrnea, devido à luz da lua. – Mas é tão difícil sem ela…

- Tenho certeza que ela está orgulhosa de você, muito!

- Sabes, ela iria ficar radiante se soubesse que tenho o homem que amo comigo! – Ana largou um sorriso sincero, ao recordar a maneira de como a sua mãe ficava entusiasmada sempre que Ana, por algum motivo, se encontrava mais emotiva em relação a algum rapaz. – A viver uma realidade tão bonita!

- Ela sabe meu bem… ela sabe! – David soltara também um sorriso satisfatório, vendo que Ana se encontrava mais calma. – Ela está sempre consigo!

- Amor, afinal como é que o meu pai soube? – Inquiriu ela, num tom de voz curioso, perante o relacionamento que o pai denunciara saber e tentando largar aquele pensamento que tanto lhe corroía o coração.

- Não sei… Durante a tarde ele foi desconfiando, por eu levar-te ao jantar, sozinhos… - Explicava David, focado no caracol que tentava enrolar do cabelo dela. – Acho que me foi topando. Ele estava à espera que eu confirma-se…

- Quando estive a dançar com ele, disse-me que estava feliz por nós, mas para ter cuidado, devido à tua profissão. – Ana olhara-o. – Sinceramente, nunca pensei que ele aceitasse tão bem a nossa relação.

- Ele só qué o seu bem! – David beija-lhe a bochecha. – Meus pais vão ficar super contentes quando souberem que é você!

- Mas eles sabem que estás a namorar?

- Sou transparente p’ra eles meu bem… Eles vêm como tenho andado nas nuvens.

- E tu queres que eles saibam já que sou eu? – Perguntou com receio, de que eles não gostassem muito da ideia.

- Oh amô, eu sei que é cedo, mas você já os conhece. Eles gostam de você, não vejo motivo para adiar mais…

- Oh David, eles simpatizaram comigo, mas não quer dizer que gostem de me ver como tua namorada…

- Gata, se eu estou feliz, eles também vão estar! – David virara-a para ele, e beijou-lhe levemente nos lábios. – Eles vão gostar de saber, sério!

- Quando é que voltas a estar com eles, amor? – Interrogava Ana, sabendo que apenas falava com os pais por telemóvel e webcam.

- Acho que só nas férias de verão… - Respondeu David, com uma certa nostalgia na voz, desejando poder vê-los mais cedo.

- Vai passar rápido meu amor! – Ana incentivava-o. – Quando deres por ela já estás dentro de um avião prestes a chegar à tua terra natal!

- Espero que sim! – Beijou-lhe. – Vem para dentro amô, ‘tá ficando frio e o pessoal começa a estranhar.

- Sim, é melhor irmos! Mas dá-me um beijinho primeiro… - Molengava Ana, desejando por mais um beijo de David.

- Isso nem se pede!

- Ainda bem! – Sorriram e encaminharam-se para dentro, abraçados um no outro, prestes a divertirem-se com os restantes amigos.

****

- Já? – Perguntava Rúben, assim que a Neia mencionava ter que ir embora, depois de umas longas horas de riso e dança.

- Sim Rúben, amanhã é segunda e além de ter que ir trabalhar, vocês também têm treino logo de manhã! – Justificava-se, tentando manter-se de pé, sem se queixar, naqueles altíssimos saltos altos que havia comprado.

- Agora que a festa estava a aquecer! – Sorria Rúben, a olhar para a bebida que continha na mão.

- Pois, eu sei disso... – Dizia Tááh. – Olha as responsabilidades menino! – Deu-lhe um calduço e para evitar que reclamasse beijou-o calmamente.


Recostada num dos sofás da sala de bilhar, e já depois de quase todos irem embora, permanecia Ana, agarrada ao seu novo gatinho para o qual ainda não arranjara nome, acariciando-lhe na barriguinha peluda e cor de mel, mergulhada nos seus mais profundos e mais sentidos sentimentos. A saudade, a felicidade, o amor… tudo misturado como se uma tigela de bolo se tratasse, onde, depois de junto, facultava um novo e indecifrável sabor, irretratável, onde esperávamos pela pessoa que o conseguisse desvendar e assim conseguir torna-lo numa coisa minimamente boa.

- Acho que te vou chamar Ozzie… - Falava para ele, enquanto tentava dar um nome ao gato. – Hum, que achas gatinho lindo? – Coçava-lhe a cabeça, e este miou-lhe.

- Parece-me que ele gostou! – Falou Rita, assim que se sentou junto da sua melhor amiga, após uns longos minutos a ver os rapazes jogarem a sua última partida de bilhar.

- Acho que sim! – Sorriram as duas, enquanto Rita pegava nele. – Sabes, não me lembro de te ver tão feliz ao pé de alguém como quando estás com ele…

- Com o gato? – Riu-se sabendo que estava a interpretar mal aquilo que a sua amiga dissera.

- Não, sua trenga. Com o David! – Riu-se Tááh, ao pensar no quanto desatenta conseguia estar a sua melhor amiga, que tantas vezes a ajudou e a tornou feliz, nem que fosse uns míseros segundos, fazendo-a sorrir e sentir-se viva novamente. Uma amiga que valorizava, que venerava.

- É… - Sorriu pensativa, mas rapidamente aquele cinzelo sorriso foi substituído por um rosto duro, onde presenciava o medo. – Tenho medo que tanta felicidade acabe rápido. Tenho medo que aconteça algo… Já estou tão apegada a ele, meu Deus!

- Não penses assim, amor! Estais tãoooo bem! – Dizia a amiga, que testemunhava a felicidade em que os dois se encontravam, e o apego anormal que ambos exibiam ter, nuns simples 4 meses de convivência e tão pouco tempo de namoro. – Pareceis um só!

- Ai amiga, estou a viver aquilo que parece um sonho! – Babava-se, ao recordar o amor incondicional que criou por David, e que a cada dia que passava se fortalecia mais. – Um sonho!

- Vez Ozzie, os olhos dela estão a brilhar! – Brincava com o gato, que a partir de agora ia habitar no mesmo espaço que elas. – Temos uma amiga apaixonada!

- Quem é que está apaixonada? – Perguntava Rúben, assim que se acercou do sofá com David, para logo de seguida roubarem espaço entre elas.

- Ué, acha que é preciso perguntar!? Aposto que é a Ana por mim! – Brincava David, com o seu já tão característico sorriso, enquanto batalhava por um pequeno bolo de chocolate com Rúben.

- Deves-te achar mano! Claro que era a Tááh por mim! – Reclamava Rúben que, acercando o bolo, aproveitou a distracção do amigo para lhe dar uma valente trinca. – Não era amor?

- Vocês não se cansam? – Perguntava Ana, tirando o bolo da mão de Rúben, para logo a seguir o trincar. – Deviam entrar em dieta! Isto de comer bolos não dá com nada! – Rita ria-se da cara com que os dois ficaram, assim que viram o bolo desaparecer da sua vista, em algumas dentadas na boca de Ana.

- Já fostes! – Dizia o Rúben, a pensar no bolo.

- Já pôs nome no gatjinho? – David beijara-lhe a bochecha vagarosamente, como fazia milhentas vezes.

- Já. Vai se chamar Ozzie. – Dizia ela com um sorriso na cara, adorando o seu novo animal de estimação.

- Eu gosto. – David mostrava-se de acordo com a escolha do nome, já Rúben, esse tinha que dar o ar da sua graça.

- Oh Ana, eu sei que ele tem riscas, mas esse nome faz-me lembrar ET’s! – Gozava. – O-zz-iiiiie está a che-ga-reee. Cuida-doo com as ri-ssss-cas. – Imitava, um tanto robô, um tanto ET.

- És mesmo parvo pá!

- Os ET’sssss são ass-iiiim… - Continuava, com uma cara completamente estúpida, que mesmo sem piada, poderia fazer qualquer um rir.

- Acho que estás a precisar de óleo amor! – Ria-se Rita, com as parvoíces do seu namorado.

- Anda untar então amor. Anda! – Pegava ele, querendo levar por caminhos mais perversos.

- Uii, David vamos embora, que senão quem fica a colar somos nós.

- É manz, larga essa!

- Mas falando a sério, está tarde… Amanhã vocês têm treino e nós trabalho. É melhor irmos andando. – Dizia Ana, a olhar para o relógio que trazia ao pulso.

- Têm a certeza que não querem ficar?

- Não vale a pena Rúben, senão amanhã andávamos numa correria. – Justificava-se Ana, querendo apenas deitar-se na sua cama e dormir umas valentes horas de sono. – Já que o meu pai já se foi deitar, amanhã passo aqui a busca-lo, ok?

- Por mim, quando quiseres.


****

Depois de uma noite calorosa, o sol havia sido substituído por nuvens cinzentas que ameaçavam chuva, mas que até então se haviam contido. Depois do seu banho matinal e de vestir uma roupa mais quentinha, aquele que prometia ser um dia mais refrescado, deixou que o seu coração aquecesse num ápice assim que leu a mensagem de David.

“Oh sua dorminhocaa, toca a acordar que aqui o seu namoradão, está aí dentro de 30 min p’ra levá você no trabalho. Até já amô da minha vida ♥”

“Ahah! Meu namoradão está atrasado, porque eu já estou acordada e vestidinha! Vou tomar o pequeno-almoço amor, até já grandalhão.
Amo-te ♥”

“Baril, é da maneira que não tenho que esperá pela menina do sapato perdido! ;D Até já gata.   Eu também amo você!”


Se Ana não estivesse a mostrar os dentes todos, eu diria certamente que quase, tamanho era o seu sorriso. Assim que alcançou o armário da cozinha, vislumbrou os tão deliciosos croissants que lhe eram tão familiares em todas as manhãs, e juntando-lhe uma fatia de fiambre, levou-o a boca com uma vontade enorme de comer.
O jarro que permanecia sempre no centro da mesa acastanhada da cozinha, encontrava-se coberto de estomas brancos e margaridas amarelas, fazendo uma combinação perfeita com a toalha definidamente bordada a amarelo. Obra de Rita.

Depois de ter ingerido o seu último gole no copo de sumo de laranja natural, foi ter com Rita, para que esta acordasse.

- Toca a acordar preguiçosa! – Balançava a amiga, logo após a ter saltado para cima da cama.

- Aii não! Deixa-me dormir! – Pedinchava ela, puxando o lençol azul que Ana teimava em tirar, descobrindo o seu corpo.

- A dormir não se faz nada! Anda lá pá. – Arrancava-a da cama. – Vai tomar um banho!

- Que chata meu! – Reclamava, assim que se mostrou derrotada, sentido o frio da madeira envernizada do chão. – Vais paga-las!

- Sim sim, mais logo querida… Mais logo! – Brincou, saindo em direcção ao sofá, onde o seu novo animal de estimação se deixara adormecer na noite anterior.

- Bom dia Ozzie! – Saudava Ana, fazendo-lhe uma festinha na cabeça. – Pois é pequenino, estás com fominha não é? Vamos lá ver o que arranjo para ti! – Pensava ela, constatando que não teve oportunidade de comprar ração para ele na noite anterior. – Eu prometo que quando vier será melhor!


Logo que David chegou, Ana desceu do 3ºb para ir ao seu encontro, onde no elevador ainda se cruzou com um dos condóminos, travando uma conversa de circunstância e educação até à porta de saída, que acabara por guia-los por caminhos diferentes.

- Bom dia grandalhão!

- Bom dia bomboca!

- Estás a chamar-me gorda? – Interrogou em tom irónico, fazendo cara de má enquanto entrava no carro para aí o poder beijar.

- Não, lhe estava chamando de docinha, mas se cê prefere assim, que posso eu fazé né?

- Né! – Roubava-lhe mais um beijo, que já lhe fazia tanta falta, depois de algumas horas longe dele. – Hoje vais me levar, hum?

- É! Cê tem um namorado todo amorzão! Não se queixa viu?

- Eu? Queixar-me? É que nem pensar nisso, chiça! – Meteu o cinto e ficou vendo-o conduzir. – Amo-te.

- Eu também amô!

- A que horas sais do treino?

- Lá para as onze e trinta, já que eu te trago e cê não tem carro, eu passo p’ra vir buscar você!

- Não Davi’, não é necessário. Eu venho de Táxi. Também não é assim muito longe!

- Não quero discussão. Venho e mai nada! – Garantia David, sem deixar margem de manobra a Ana.

- Aii, está bem chatinho!


Ana entrou dentro da instituição e desde aí não teve tempo para pensar em muitas coisas a não ser crianças. Umas alegres correndo pelo corredor na esperança de chegar primeiro ao comando da televisão, outras mais nostálgicas, esperando por uma notícia de alguém querido. Tudo a fazia pensar no dia em que, se Deus quisesse, iria realizar este desejo de ser mãe, e acompanhar o desenvolvimento e amadurecimento dos seus filhos. Ajuda-los a procurar a felicidade e diminuir-lhes a tristeza, junto de David, é verdade. Mesmo que isso um dia possa mudar, mesmo que este não venha a ser o sucedido, este era o seu desejo, agora.

Depois de se despedir dos meninos para ir almoçar, ainda passou pelo seu chefe que andava pelos corredores atrapalhado com um monte de folhas, que ao tentar coordenar umas, deixava ficar outras para trás.

- Deixe que eu ajudo com isso! – Oferecia-se para ajudar a levar aquela amalgama de papeis, até ao escritório.

- Obrigado Ana! Isto de não ter tudo reunido em capas é tramado. – Justificava-se, ao mesmo tempo que alinhava a camisa azul clara.

- Tem que tratar disso! Senão qualquer dia não sabe de nada!

- Pois, estes papéis são para arquivar, ia agora fazer isso antes de ir almoçar!

- Eu ia agora almoçar, se me der licença…

- Vai, vai! Não te prendas por mim! – Ia soltando o seu chefe, quase que sem olhar para ela, concentrado no monte de folhas que pousara na secretária.

- Obrigado, até logo!

- Bom almoço! – Desejava-lhe, abarcando com o olhar a periferia onde ela se encontrava, prestes a sair. Ana apenas lhe sorriu e saiu em direcção ao exterior, desejando não ter feito esperar David.

Assim que sentiu a aragem típica de inverno bater-lhe contra as faces um pouco rosadas, estremeceu.
Pensou ver o audi Q7 de David, mas era apenas um carro branco ao cruzar da esquina, parecido por sinal. Acomodou-se num dos bancos de madeira polida, ainda pertencentes à associação, esperando por David.

Os minutos passavam, uns largos minutos até, e nada de David. Ana começava a ficar preocupada ao constatar que nem uma mensagem de David tinha. Ligou-lhe vezes à qual perdeu a conta, e quando esta desistiu de tentar e preparava para lhe mandar uma mensagem e encaminhar-se ao café mais próximo para uma refeição simples, o telemóvel de Ana toca com a chamada de David.

- Estou? David, então? – Perguntava Ana, um tanto preocupada, um tanto chateada, por pensar que este se havia esquecido dela.

- Desculpa não pegá você para almoçá.

- E porque não o fizeste? – Pedia uma desculpa plausível para a ter deixado plantada e quase sem tempo para fazer uma refeição decente.

- Estou no hospital…


Obrigada a todas por terem esperado por mais um capítulo desta história. Espero que esteja do vosso agrado e assim que poder postarei a segunda parte do capítulo. Deixem os vossos comentários, incentivam-me imenso!
Beijinhos, Ana Sousa

11 comentários:

  1. gosto imenso da tua história! Tens uma escrita fantástica =)

    Se quiseres passa pela minha fic - http://d-umunicosentimento.blogspot.com/

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  2. Lindo, lindo. Quero mais.

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  3. Estou a gostar muito de ler a tua história..

    No hospital?!
    Por favor publica rápido para saber o que se passou com o David!

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  4. Adoro a escrita.
    Adoro a história *.* o capitulo está lindo.
    Quero o próximo...

    Beijinhos Pipa *

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  5. Ola queridos leitores , eu estou a participar num concurso de escrita e preciso da vossa ajuda.


    Votem em mim :D O link para votarem é o seguinte :




    http://www.conteconnosco.com/trabalho-detalhe.php?id=818

    É PARA CLICAR EM VOTAR (pois muitas pessoas em vez de clicar em votar , clicam em gosto ) (:

    Podem votar uma vez por dia , todos os dias :D




    Obrigada


    Annie M

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  6. Oieeeeeeee



    Adoreiiiiiiiiiiiiiii


    Beijinhos

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  7. Adorei, como sempre.
    Mas o que se passou com o David??? :(
    Posta rapidinho
    Beijinho*

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  8. Meu amor, já me actualizei de tudinho e que posso eu dizer do que li? Um simples AMO, acho que seria tão pouco! :s Mas pronto, tu já deves saber bem que adoro, adoro este teu cantinho que tu cuidas tão bem.... e escusado será dizer que quero o próximo capítulo o quanto antes! *-*
    Beijão sweety*
    LY :)

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  9. Olá :D
    Já acabei de ler os capitulos todos e adorei! Mais outra para a lista de favoritas ;D
    Escreves muito bem e descreves muito bem, como se a gente tivesse a viver a história!
    Beijinhoo

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  10. Como prometi, arranjei um tempinho e li a historia e gostei bastante.
    continua

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